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A BEM DA ORDEM EM GERAL


Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


(...) Eu também pensei que o texto “Mórmons Maçons, O Último Réquiem” (OLIVEIRA, Cesóstre Guimarães de. Mórmons Maçons – O útimo réquiem. Disponível em: www.mormonsmacons.blogspot.com. Acesso em: 15/11/2010.) fosse o fim, mas não foi, eu voltei. Devo este retorno a um e-mail que me foi enviado por alguém que se auto-intitula “Santo dos Últimos Dias ofendido”, como não fui autorizado a citá-lo, em nenhuma parte deste trabalho seu nome aparecerá, mas é certo que ele se diz ofendido com minhas afirmações, e lança farpas contra a Maçonaria em um e-mail de quase três páginas A4, oportunidade em que aborda várias de minhas afirmações relativas á Maçonaria. Em meio a tantas criticas rancorosas, que ainda busco entender a razão, o que mais me surpreendeu foi ler que sua fonte de pesquisa é o livro “MAÇONARIA – DO OUTRO LADO DA LUZ” (Maçonaria – do outro lado da luz. 1. ed. São José dos Campos (SP) : CLC Editora, 1995). Após ler e reler seu e-mail várias vezes pude concluir que ele não se aprofundou em sua pesquisa, pois se tivesse lido o livro por completo, (eu li), teria notado que o autor por ele tão valorizado, neste mesmo compêndio (sic) faz perversas e irascíveis criticas a doutrina Mórmon. Como pode ele, um Mórmon, na defesa de seus pensamentos respaldar suas afirmações nas idéias daquele que nos combate? Caro amigo até mesmo para criticar precisamos estar respaldados em fontes confiáveis. Dentre as aberrações despejadas por ele, destaco a afirmação que considero mais leviana dentre todas, ele diz: “não acredito que você tenha fé e testemunho no evangelho restaurado, pois se tivesse, jamais teria se envolvido com esta trama diabólica chamada Maçonaria”. Parei por um momento e pensei... as férias acabaram!
Desde minha primeira publicação tenho recebido vários e-mails de Mórmons que são contrários a relação Mórmons Maçons, mas nenhum foi tão agressivo e pejorativo quanto este irmão. Para ele a Maçonaria é um mal que deve ser combatido, qualquer aproximação de um Mórmon com a Maçonaria é sinal de apostasia”. Ele entende que a “passagem” de nossos primeiros líderes pela Maçonaria é justificada por uma razão que considera justa, (embora ele não tenha me dito qual foi esta razão justa), e que hoje nada justifica um membro da Igreja ser Maçom.
Diante do exposto, eu pergunto aos meus leitores, poderia eu continuar em silencio? Seria esta uma boa justificativa para que eu retorne ao blog? Não pude, nem posso ficar calado, a omissão não encontra encaixe em meu auto-retrato, por isso voltei, estou de volta para responder a este irmão, voltei para tentar, (embora eu mesmo acredite que não conseguirei), convencê-lo de que estar errado.
Penso que meu critico irmão antes de uma manifestação tão severa deveria se aprofundar na história da Igreja. Pois só fazendo isto descobrirá que aqueles que hoje enumera como inimigos do mormonismo, um dia foram vistos por nossos líderes como amigos. Seria bom que também aprofundasse sua pesquisa na história da Maçonaria, pois só assim descobrirá que ela é uma grande parceira das religiões, e por ser, limita-se a observar, sem evasivas tentativas de interferências em suas rotinas. Quem sabe se fizer isto não descobrirá que a Maçonaria quando instituição tem a preocupação de deixar a encargo do iniciado a decisão sobre a qual religião se reportar? É certo que após iniciado, o individuo é incentivado a desenvolver mais ainda uma relação de fidelidade para com a religião escolhida. E se por qualquer razão, o Maçom, resolver abandonar sua crença, ou decidir por dar nova direção a sua forma de crê, e conservar a essência da fé que nos liga ao Grande Arquiteto do Universo, não correrá nenhum risco de exclusão da fraternidade. Se meu irmão for um pesquisador atento (infelizmente não é) notará que a liberdade de culto que goza o Maçom nos concede a certeza de que a Maçonaria não é uma religião, mas infelizmente até mesmo esta compreensão é distorcida pelo raquitismo de alguns. Dentre tanto pesar, o maior de todos vem do saber que até mesmo entre meus irmãos mórmons existem aqueles que voluntariamente difundem as idéias distorcidas que nos rotulam de entidade religiosa pagã, eles ignoram que a milenar fraternidade é uma fonte continua e inesgotável de proteção para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, já que neste universo de preconceitos e estigmas, tudo que foge ao padrão estabelecido é uma deformidade que deve ser combatida. Diante deste contexto, é mister que aquele que almeja ser agraciado com a iniciação maçônica saiba que é condição inalienável, a manifestação de fé no Ser Supremo, e isto independe da religião do candidato. Esta é uma condição não negociável, é primordial para que, sequer o candidato tenha seu nome analisado. Porém, além da manifestação religiosa, existem outros princípios que são relevantes, como por exemplo: não se pode ignorar que a Maçonaria é uma fraternidade que existe pela constante necessidade de busca da verdade. Acredito que todos saibam que a Maçonaria encoraja seus membros a manterem-se nos mais elevados padrões de moralidade, além de zelar para que nos conservemos dentro de parâmetros de honestidade.
Infelizmente, mesmo primando por padrões tão elevados, temos aqueles que não são bons exemplos de cidadãos. Espero que não estejam surpresos por lhes dizer isso, assim como também espero que entendam que existe uma imensurável distancia entre reconhecer que eles existem, e culpar a Maçonaria por suas existências. Seria o mesmo que responsabilizar A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pelos membros que envergonham nossa fé. A bem da verdade é necessário que seja dito os maus participes estão em todos os lugares, em todos os credos religiosos, ou será que você pensa que todos os mórmons se encontram no mesmo patamar de moral e honra? Não se deve cometer a infâmia de se responsabilizar a Maçonaria pelas ações duvidosas de um, ou outro Maçom, pois se eu estiver errado nestas afirmações todas as organizações sociais, podendo ser elas religiosas ou não, são culpadas das mazelas do ser humano. Pois se a instituição for responsabilizada pelas ações do individuo, que após devidamente instruído, faz sua opção pelo errado, o que impedirá o mundo de nivelar todos os mórmons pelas estaturas dos apostatas? Meus irmãos (mórmons), já passou da hora, deveis cessar as manifestações de intolerância contra a milenar fraternidade.
Todas as vezes que tenho lido ou ouvido os argumentos de um membro da Igreja que expressa sua repugnância pela Maçonaria, me sinto motivado a continuar escrevendo sobre este tema. É preciso elevar meus irmãos mórmons a condição de homens livres dos pensamentos nebulosos, que cirandam suas mentes (não todos). É preciso ajudá-los a esquecerem-se das fábulas infantis onde o bicho papão é a Maçonaria, estes meus irmãos que ainda são escravos destes vis temores precisam entender que estes são pensamentos e interpretações herdados do catolicismo medieval, quando o poder do Papa era absoluto, inclusive ditando regras quanto às crenças das pessoas. É inadmissível ponderar que existem pessoas na Igreja alicerçando suas convicções nas crenças daqueles que um dia desvirtuaram a verdadeira fé.
O pseudo-iconoclasta que cito no início deste texto em um dos parágrafos de seu e-mail diz: “Vocês [os maçons] são os verdadeiros culpado pelo medo ou aversão que as pessoas têm da Maçonaria, pois se vocês abrissem suas portas, se permitissem que as pessoas assistissem seus trabalhos não haveria mais o que argumentar”. Estas palavras podem parecer um sinal de boa vontade, mais não se iludam, não é. O desejo dele é mais uma vez tentar tornar a Maçonaria culpada pelos erros de outrem. Mas apenas para que eu posso formar uma linha de raciocínio, digamos que ele esteja certo, aceitemos que a Maçonaria deveria escancarar suas portas. Eu vos pergunto se esta regra também poderá ser aplicada a Igreja? Deveria a Igreja proceder da mesma forma, e abrir as portas sagradas do templo aos olhares profanos? Seria esta a solução que iria minorar as críticas desferidas contra os Templos Sagrados do Senhor Jesus Cristo? Claro que não, esta não é a solução. Escancarar as portas das Lojas maçônicas, ou as portas dos Templos não aplacará a ira dos críticos. Mesmo que a Maçonaria ou a Igreja abra profanamente suas portas, ainda assim teremos ferozes e implacáveis críticos a nos combater. Não somos combatidos por que somos sigilosos, somos combatidos por que os críticos não entendem o caráter sagrado do Templo, e o caráter sigiloso da Maçonaria. Eles não entendem que ambos estão limitados a um grupo de iniciados, apenas por que o sagrado e o sigiloso precisam ser protegidos dos olhares curiosos dos profanadores que a tudo adulteram. Não podemos permitir que o homem pedra bruta, tenha acesso a arvore do conhecimento do bem e do mal. Pois mesmo que lhes fosse permitido adentrar a nossos rituais, ainda assim, estes indivíduos veriam nos rituais maçônicos e nos rituais dos templos mórmons a realização de “pactos malignos”. O sigilo do Templo (Mórmon) e do Templo (Maçom) conduz o desafortunado de conhecimento por um estreito corredor que lhe priva da visão só concedida aos iniciados, esta cegueira de conhecimento em que estão envolvidos é a responsável por eles enxergarem na Igreja e na Maçonaria duas seitas secretas.
Alerto aos meus irmãos mórmons que antes de se deixarem contaminar pelas “teorias ignóbeis”, direcionem seus olhares ao passado e procurem entender esta relação que algumas vezes só é repudiada por que alguém precisa se justificar perante as idéias do catolicismo e do protestantismo contemporâneo. É graças aos temores destes prisioneiros do quarto do pânico, que nas fornalhas dos temores medievais, nascem os bichos papões que não passam de demônios irreais, que existem e vivem apenas nas mentes das crianças amedrontadas e/ou nas cabeças das pessoas desinformadas. Quantas vezes teremos que proclamar ao mundo que a Maçonaria não é religião? Algumas vezes me sinto como um pianista que excuta sua arte em um piano de uma só tecla, sempre repetindo a mesma nota para um público que não deseja escutar. Mas mesmo não querendo nos ouvir, as pessoas precisam ser ensinadas, ser Mórmon Maçom é um privilégio que se desdobra em responsabilidade continua. Por isso entendo que para um Mórmon Maçom é condição irrevogável, zelar para que a doutrina Maçônica exista numa condição de paralelismo ao mormonismo, tomando como referencia os bons costumes conforme é proposto pela doutrina da Igreja. É de extrema importância que saibam que mesmo após iniciado, um Mórmon continua livre para viver e praticar as sagradas doutrinas da Igreja. Tendo como diferencial a certeza de que a liberdade que emana da Maçonaria é uma novidade de vida que estar em perfeita harmonia com as doutrinas do Evangelho Restaurado, fazendo com que esta harmonia torne improcedente qualquer acusação de incompatibilidade entre a Maçonaria e nossas designações como membros da Igreja. O membro da Igreja que acusa a Maçonaria de ser religião exorbita o mais extremo ponto da verdade e da coerência, pois ao fazer tal acusação como ele justificará nossos profetas Mórmons Maçons. Fiquem tranquilos, não existe nada dentro do contexto maçônico que conduza o crente por caminhos que o afaste de sua crença, e até mesmo como pode ser a Maçonaria uma religião se as discussões teológicas nos são proibidas?
Eu quando um Mórmon, me sinto plenamente confortável em ser Maçom, pois é na Maçonaria que reconheço o exemplo de uma organização livre das paixões sectárias, livre dos sentimentos desagregadores que tanto mal fazem a humanidade. Considero um desafio tentar encontrar alguma outra organização onde seja possível reunir dentro do mesmo local de reunião, no mesmo momento, os seguidores de diversas vertentes da religião e da política, sem que eles, depois do primeiro minuto de debate passem a se tratar como inimigos, alegando para isto, que agem em defesa da perfeita fé. O que me tranqüiliza como Maçom, é saber que onde estiver um de nós, ali também vai estar uma lei imutável e eterna, que nos proíbe de participar das discussões sectárias. A razão pela qual estamos tão preocupados com isto, são as lembranças de que os sentimentos sectários por toda a história do homem foram os divisores de nações, de povos, de amizades. A harmoniosa paz que a Maçonaria promove entre os seus, é objeto de desejo não atingido por todos aqueles que não compreendem que a Maçonaria é preconizadora destas virtudes.
Desafio a quem quer que seja a apontar uma única organização, além da Maçonaria, que por mais que se esforce, consiga reunir em perfeita harmonia, pessoas provenientes de vários seguimentos culturais e religiosos, onde cada um é implacável defensor de suas crenças, e de suas opções políticas, e mesmo assim, permaneçam harmonizados tornando suas diferenças em simples detalhe que deve ficar a margem de suas relações de amizade e boa vontade. A discórdia e a inimizade, aparentemente, são características exclusivas do homo sapiens. Em nome de Deus o homem tem matado seu próximo, abandonado seu lar, deixado para trás seu cônjuge e filhos, e mesmo este sentimento sendo tão forte, na Maçonaria ele foi superado pelo respeito às diferenças religiosas.
Antes que meu irmão passe a traçar um perfil distorcido de minha personalidade, antes que pense haver encontrado em minhas palavras o motivo que buscava para me lançar na “santa fogueira da inquisição”, esclareço que quando apresento a religião como origem de desarmonia, minha intenção não é dizer que a religião é culpada dos pecados dos seus participes, mas sim, dizer que o sectarismo manifesto na fé de alguns é o culpado de tudo. Uma pena que somente a Maçonaria tenha conseguido tornar irmãos, o judeu, o mulçumano, o protestante, o católico, o Mórmon, o budista (etc.), tendo como premio a todos, beber da mesma taça sagrada, e mesmo divergindo na fé, abraçam-se como verdadeiros irmãos que são.
Receio pela forma que minhas palavras serão recebidas, não gostaria de perder mais do que já tenho sido privado, mas espero que meu leitor não esqueça em seus julgamentos que sou um Santo dos Últimos Dias (Mórmon) convicto das verdades que preconizamos como eternas, que compreenda que não escrevo para combater a Igreja, pelo contrário, sou seu incondicional defensor, além de ser convicto da fé que professo, ao escrever, o faço com o intuito de combater os sentimentos nebulosos que conduzem o homem ao caos. A antipatia que membros da Igreja, igual ao que me refiro no inicio do texto, demonstram pela Maçonaria é a mais pura demonstração de incoerência irracional. Como pode uma organização que de forma brilhante, tem agido em prol da humanidade, ser tratada com tanta manifestação de intolerância (?). A história é verdadeira quando retrata a Maçonaria como vitima dos vitupérios infligidos a nós maçons, por pessoas que tudo que sabem sobre nós é o que foi dito por terceiros. As mesmas fontes históricas também registram que quando o assunto discutido pelos religiosos anti-maçons são suas práticas doutrinárias, eles nunca conseguem harmonizar seus pontos de vista. Mas se a discussão se concentra na Maçonaria, eles não necessitam fazer nenhum esforço para harmonizar seus pontos de vista. A antipatia que demonstram pela Maçonaria é tão incompreensível e manipulada que ironicamente rompe as barreiras do sectarismo. Por vários anos tenho me dedicado a minha fé e a Maçonaria, e durante estes anos, nunca houve um dia em que eu tenha me arrependido de pertencer tanto a uma quanto à outra organização, cada uma delas tem seu próprio espaço, e uma não tenta anular a outra.
Para finalizar minha fala deixo aos meus irmãos mórmons maçons a recomendação de que continuem a trilhar sua estrada sem fim, nós somos os privilegiados, e por sermos, devemos nos esforçar para desempenhar com fidelidade inquestionável nossas atividades na Igreja, é nosso direito, é nosso dever. Devemos nós, mais que qualquer outro, participar das reuniões da igreja, exercitar nossa fé, nos esforçar para manter pura nossa relação com a família e os amigos. Pois somente desta forma a Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias continuarão a ser compatíveis. Parafraseando **Martin Luther King eu digo: “Eu tenho um sonho...” de que um dia todos os mórmons compreenderão a importância da Maçonaria para o Evangelho Restaurado.


*A Constituição de Anderson - 1723 - é considerada o principal documento e a base legal da Maçonaria Especulativa e que aos poucos foi substituindo os preceitos tradicionais que até então regulavam as atividades da Maçonaria Operativa.

** O Dr. Martin Luther King, Jr (15 de janeiro de 1929, Atlanta, Georgia – 4 de abril de 1968. Memphis, Tennesee) foi um pastor e ativista político estadunidense. Pertencente a Igreja Batista, tornou-se um dos mais importantes líderes pelo ativismo dos direitos civis nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência de amor para com o próximo. Torno-se a pessoa mais jovem a receber o Premio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é “Eu tenho um sonho” (Extraído da Wikipédia em 22 de novembro de 2010).