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TEMPLO: SECRETO OU SAGRADO?

by Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Desde o início da Gênese humana, podendo esta ser explicada pelas teorias criacionistas, evolucionistas ou outras que você venha a aceitar, temos construído lugares de adoração aos deuses, são locais onde se cumpre rituais de adoração segundo a fé de cada um. Com nós mórmons não poderia ser diferente, temos construído verdadeiros locais sagrados onde cultuamos ao Deus Criador do Universo. De prumo na mão farei uma análise superficial sobre nossas crenças, que se comparadas ás tradições católicas, protestantes, e outros seguimentos religiosos divergem naquilo que apontamos como certo, e como que se desejassem contradizer minhas palavras, se alistam em semelhanças incontáveis. Os questionamentos mais freqüentes que nos fazem têm relação com os rituais praticados em nossos Templos, nos é comum ouvir alguém perguntar se existe alguma similaridade entre o que fazemos hoje e o que era feito no antigo Templo de Salomão. Antes da resposta, preciso esclarecer que esta pergunta é comum tanto aos mórmons quanto aos maçons, e que devido á natureza sagrada dos convênios realizados nos templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e aos juramentos que fiz quando iniciado na Maçonaria não me aprofundarei ao ponto de detalhar as cerimônias lá realizadas, estarei apresentando minha opinião sobre este tema, sem violar o sagrado, sem tencionar profanar o que é puro. Mais uma vez escrevo tencionando desbastar a pedra bruta da ignorância, este meu novo texto não será uma escrita diferente dos anteriores quando abordei a relação mórmons maçons, é uma tentativa de responder algumas das perguntas feitas com mais freqüência a nós mórmons maçons.
Neste primeiro momento estarei a falar dos convênios feitos (hoje) nos templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, desejo que entendam que esses convênios já faziam parte das primeiras cerimônias que no principio foram reveladas a Adão. Recomendo a você que ao pesquisara história das ordenanças realizadas nos templos dos mórmons, deve entender que estas cerimônias seguem o mesmo padrão daquilo que foi entregue aos cuidados de Adão na primeira dispensação, e a Joseph Smith nesta última dispensação em que vivemos, ressaltando ainda a importância daqueles que têm se sucedidos à frente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Desde Adão nada foi adicionado ou retirado sem que a vontade expressa de Deus tenha se manifestado, mesmo quando Deus ordenou estas sutis alterações à essência permaneceu intocável. Dentre os primeiros líderes mórmons a terem contato com as ordenanças do templo pós Profeta Joseph Smith, destaco o Presidente Brigham Young, “o Moisés americano”, ele recebeu suas primeiras instruções em um lugar improvisado, na parte superior da loja comercial de Joseph. Foi ali que Brigham Young pode compreender que realmente algo grandioso estava acontecendo, e que ele fazia parte de tudo isto.
Ao longo dos anos, mais e mais pessoas tem ido ao templo para realizar convênios somente realizáveis nestes locais. Por questões que considero secundárias, algumas, poucas alterações tem sido feitas na forma como são transmitidas e ratificadas as ordenanças do Templo, estas alterações em nada me incomodam, mas parecem ser o prato preferido dos anti-mórmons que a qualquer custo tentam anular o sagrado transformando-o em profano. Como desconheço alguma explicação oficial por parte da Igreja, falarei a partir de minha ótica, deixo claro que não falo em nome de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o que digo não ouvi de meus líderes, são impressões minhas, concluídas a partir daquilo que tenho pesquisado, havendo divergência entre minha fala e a de meus líderes, entenda minhas afirmações como equivocadas, desconsidere-as.
Fez-se necessário que algumas partes dos rituais do Templo tivessem que ser removidas ou editadas porque existiam alguns equívocos na sua compreensão por parte de alguns membros da Igreja. Nem todos entendiam as conseqüências simbólicas contidas em algumas expressões ou sinais. Inclusive alguns tomavam por literal aquilo que se referia ao espiritual, em função disto, os anti-mórmons usavam (e ainda usam) esta falta de compreensão para atacar a fé dos mais fracos. Se você fizer uma rápida pesquisa pela internet notará a riqueza de literatura onde estão expressas as opiniões daqueles que não conformados com o surpreendente crescimento de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nos tratam como se fossemos seus concorrentes comerciais, não entendem que não visamos nenhum lucro material, inclusive, devotamos a Deus todos os créditos das conquistas, estes que nada sabem sobre nós destacam em suas longas falas, afirmações difamatórias dizendo que as cerimônias do templo, anterior ao ano de 1990, continham juramentos que se violados teriam a “morte como penalidade", eles dizem ainda “os mórmons o matarão se abrir a boca”. Isso é obviamente uma acusação totalmente falsa, eles não compreendem que os rituais do Templo são espirituais, como também são suas conseqüências. Ao falar de morte estamos a nos referir a uma morte muito mais dolorosa, aquela morte que afasta o homem definitivamente de Deus, a morte espiritual.
Surpreende-me a postura de alguns cristãos que se alinham de forma a gerar invejas nos antigos inquisidores medievais, eles ignoram fatos históricos unicamente para agredir a nós mórmons, nos acusam de havermos feito copias de certas seitas pagãs na elaboração de nossa teologia. A acusação mais comum feita por este “Santo Ofício” moderno, é a que diz: “Joseph Smith roubou da Maçonaria os rituais praticados nos templos”. Por várias vezes já tenho escrito sobre isto, não houve cópia, o profeta não plagiou a Maçonaria. A explicação que apresento para algumas semelhanças entre as partes é que ambos beberam na mesma fonte, os dois estavam juntos no Templo de Salomão.
Se estes acusadores dedicassem mais tempo ao estudo da história do cristianismo entenderiam realmente como Satanás tem tentado copiar tudo aquilo que é sagrado, e foi estabelecido pelo Senhor Jesus Cristo para sua verdadeira Igreja. É um projeto de Satanás desacreditar o Plano de Salvação elaborado por Deus, e aprovado por nós quando ainda na pré-existência. Os desatentos não notam as guerras e as calamidades, não notam que a antiga serpente, a estrela da manhã que declinou tem tentado fazer a humanidade crê que ele não existe, pois obtendo sucesso nisto, fica fácil aniquilar a existência de Deus, daí surge à pergunta: como Lúcifer faz isto? É simples, para você destruir uma verdade, tão somente a mescle com mentiras, é assim que ele procede.
Devemos ter em mente que o principal alvo dos ataques de Satanás não somos nós, mas sim, o Senhor Jesus Cristo, já que destruindo a credibilidade do salvador ele destrói o Plano de Salvação que aprovamos na pré-existência, então nada mais obvio que para desacreditar Jesus Cristo, Satanás crie salvadores antes mesmo do Filho de Deus trilhar a terra. Farei agora uma rápida descrição de como isto tem acontecido, para que você possa perceber como o maior inimigo do Plano de Salvação trabalha.

a) Mitra, um lendário homem adorado como deus, nasceu 1200 a.C de uma virgem; foi batizado por imersão; seguido por 12 apóstolos; operou milagres; morreu crucificado; ressuscitou ao terceiro dia; seus seguidores o chamavam de “A Verdade”, “A Luz”; e acreditavam que ele havia “vindo ao mundo” para lavar os pecados da humanidade.

b) Attis um deus (da Frígia) contemporâneo de Mitra; nascido de uma virgem; crucificado, morreu e foi enterrado, ressuscitando no 3º dia.

c) Krishna um deus (da Índia) nasceu 900 a.C da virgem Devanaguy; uma estrela avisou seu nascimento; operou vários milagres; morreu e ressuscitou.

d) Dionísio um deus (da Grécia) nasceu 500 a.C de uma virgem; transformou água em vinho; seus seguidores o chamavam de Rei dos reis, Alfa e Ômega;morreu e ressuscitou;

Aquele que um dia tentou destruir nosso livre arbítrio é o mesmo que copia o sagrado para convertê-lo em profano, seu objetivo é destruir a verdade, ele as mescla com mentiras, deturpa verdades eternas, e após mesclá-las oferece ao homem, que agradecido recebe tudo que é mau como se fosse bom. Não existe nada nos ensinamentos de Satanás que não seja uma farsa, uma adulteração de algo que antes era uma verdade divina.
Mas, “ele” sozinho não consegue fazer estas manipulações, precisa da ajuda de alguém, é neste ponto que se nos apresentam as tentações. Ao ler A Pérola de Grande Valor aprendemos que Caim falava com Deus, portanto, nada mais lógico concluir que ele também foi instruído nas ordenanças do templo na mesma forma que os outros membros da família. Ele conhecia as cerimônias do templo e as compreendia. Mas, similar a muitos outros filhos de Deus, ele fez sua opção por Satanás, então, Caim saiu da presença de Deus, por isso não me surpreendo ao encontrar cópias (adulteradas) das cerimônias do templo nos rituais dos vários outros seguimentos religiosos, alguns bem mais antigos que o próprio cristianismo.
Pesquisando com esmero você notara espalhados por todos os seguimentos religiosos do mundo resíduos dos rituais como originalmente ensinados a Adão. Até mesmo no catolicismo encontramos similaridades com normas ou rituais tão conhecidos de nós mórmons. Somente para ilustrar minha fala cito como exemplo:

a) Ao ser escolhido um novo Papa sua primeira decisão é assumir um novo nome pelo qual deverá ser reconhecido por todos;

b) Todos os padres usam vestimentas especiais por ocasião das celebrações e outras liturgias. Segundo afirma a teologia católica, estas vestimentas, estão relacionadas ao sacerdócio do qual os padres são detentores;

c) É comum nas igrejas católicas o uso de “água benta” aspergida sobre os fiéis, esta é uma clara alusão ao ritual da ablução.

Ao citar estes exemplos não o faço com o intuito de agredir a fé de meus irmãos, mas sim para alertar do risco que se corre ao empunhar a espada de justiceiro para combater o sagrado como se este fosse profano. Os cultos satânicos, (ou influenciados por Satanás), deturpam as verdades de Deus tomando como base as ordenanças sagradas do Templo, seu único objetivo é afastar o homem da Deidade, ele age de forma tão sutil que este distanciamento algumas vezes não é notado.
Fico surpreso ao ver que alguns de meus irmãos mórmons desconhecem por completo nossa história, prendem-se unicamente a leitura curricular desprezando verdadeiros rincões de conhecimentos como que se estes livros guardassem segredos indesejados. Por desconhecer os fatos históricos meus irmãos mórmons vêem na Maçonaria um inimigo que deve ser combatido ao estilo dos cavaleiros medievais, “até a morte”. Estes pseudos iconoclastas têm buscado até mesmo no livro de Mórmon justificativa para sua incompreensível ojeriza, sentimento este que deixaria até mesmo o profeta Joseph Smith e outros mórmons maçons do passado boquiabertos. Estes tutores do preconceito lançam mãos de expressões e textos isolados para justificar seus ataques à Maçonaria, comumente valem-se da expressão “combinações secretas” (largamente citada no Livro de Mórmon), como que se a Maçonaria se enquadrasse neste contexto. Os que assim pensam demonstram total desconhecimento até mesmo do contexto Mórmon das escrituras, audaciosamente dão novas interpretações àquilo que exaustivamente já foi explicado. Abaixo cito dois exemplos de combinações secretas, para que você entenda que esta expressão nada tem haver com a Maçonaria;

a) Máfia (é uma organização criminosa secreta, fundada na Itália no século XIX sob a alegação inicial de garantir a segurança pública, posteriormente ela se expandiu por todo o mundo, inclusive Brasil. Seus membros são acusados de participação em numerosos crimes, entre os quais; tráfico de drogas, prostituição, contrabando (de bebidas e outros), assassinatos, etc. O termo máfia se tornou sinônimo de crime organizado);

b) Ladrões de Gadiânton (grupo de ladrões que habitou nas Américas por volta de 29 a 23 a.C. Aos que pertenciam a este bando eram revelados seus segredos de iniqüidades e suas abominações, e eram impostas duras penalidades aos supostos traidores, inclusive, pena de morte, estas regras foram estabelecidas por Gadiânton, de quem o grupo herdou o nome;

Em qualquer um destes grupos existe a ameaça real, (não simbólica), de morte a quem revelar seus segredos, ou até mesmo tentar sair do grupo. Uma vez que se ingressa em uma destas sociedades secretas jamais será permitida a saída, já que existe o temor de que aquele que tentar sair venha a revelar seus segredos.
Aqueles que têm tentado associar Maçonaria a estes grupos secretos e satânicos agem motivados pelo preconceito que é alimentado pelo desconhecimento do contexto maçônico e isto os faz procederem de forma tão injusta. Maçonaria não é secreta, é sigilosa, assim como as ordenanças do Templo (Mórmon) são sagradas e não secretas. Todos os compromissos assumidos com a Maçonaria são voluntários e simbólicos, ninguém será literalmente morto por revelá-los, nem tampouco ninguém estará obrigado a continuar participando dos rituais maçônicos contra sua vontade... Talvez a lenda de que um Maçom jamais poderá abandonar a Maçonaria tenha ligações com nossas convicções, quando uma delas diz simbolicamente, “uma vez iniciado, iniciado para sempre”. Aos desatentos, informo que ninguém estará obrigado a permanecer na Maçonaria caso não seja seu desejo. Pesquise na internet e descobrirá vários “ex-maçons” que hoje, inclusive são nossos maiores perseguidores e, vivem suas vidas tranquilamente sem sofrer nenhuma represália por parte da Maçonaria.
Alguns dos que tentam associar Maçonaria ao satânico, também tentam da mesma forma associá-la A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a intenção é matar dois coelhos com uma só cajadada, acusam-nos (nós mórmons) de havermos copiado os rituais da Maçonaria para estabelecer os sagrados convênios do Templo, este pensamento destoa da verdade. Por várias vezes já tenho abordado esta temática, portanto considero desnecessário mais uma vez retornar a este tema, fica valendo o que já disse antes: “A Maçonaria e a Igreja de Jesus Cristo beberam em uma mesma fonte, tiveram um encontro no Templo do Rei Salomão, e um desencontro em Nauvoo, daí as semelhanças.”
Mas é claro que os contrários a nós mórmons e a Maçonaria jamais estarão satisfeitos, em seu frenesi quase eterno, buscam imaginários paralelos entre as doutrinas do Templo e os rituais da Maçonaria. Agindo motivados por um desvairo compulsivo tentam encontrar algo satânico na Maçonaria, ou até mesmo qualquer coisa que possa não parecer sagrado nos convênios que fazemos na casa do Senhor, a estes que assim procedem deixo a recomendação de Gamaliel aos que perseguiam os ensinamentos dos primeiros Apóstolos – “Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.” (Atos dos Apóstolos 5:38,39.
Ao fazer uma sucinta abordagem acerca da Casa do Senhor, fiz usufruindo dos meus privilégios de membro comum da Igreja. Compartilho com todas as pessoas meu testemunho declarando que aceito Jesus Cristo como único Salvador da humanidade, fora dele o homem estar só e perdido, declaro aceitar também que o Senhor tem revelado aos seus servos Profetas somente aquilo que julga necessário a restauração do sagrado. Em nenhum momento minha intenção foi expor ao ridículo ou depreciativo as sagradas ordenanças que um dia fiz, e a cada ano renovo na Casa do Senhor, se fui sucinto quando da abordagem dos convênios no templo, o fiz por puro zelo. Lembro a todos os membros que esta é a maneira correta de tratar algo tão sagrado. Se parecer que fui omisso ao falar destes convênios, fiz isto não por que estes convênios sejam secretos, mas porque são sagrados. Somado a meu testemunho deixo a todos meu convite de que venham a Cristo e sejam perfeitos nele. Deixo estas palavras em nome do (único) redentor da humanidade, Jesus Cristo o filho amado de Deus. Amém.




BIBLIOGRAFIA


A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias – A Pérola de Grande Valor
José Reis Chaves - A Face Oculta das Religiões: uma visão racional da Bíblia.
Pedro Luiz Mangabeira Albernaz - Em busca de Deus.

MORMONISMO, MAÇONARIA – TEMPLOS, DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS

by Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


“Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem.”
(Joseph Smith - 11º Regra de Fé)


Ao iniciar esta resenha, faço, lembrando a meu leitor que sou um Mórmon Maçom, por isso, em alguns momentos você deverá notar que falo tanto como se pertencesse a uma organização, quanto a outra, todavia, a essência da escrita em nada será prejudicada já que meu interesse é tão somente desmistificar o profano e exaltar o sagrado, trazendo luz e verdade a um tema tão discutido e temido por leigos e eruditos. A você que resolveu se aventurar em minha escrita, meu conselho é... “Leia, e só então tire suas conclusões.
É quase inevitável, ao pesquisar sobre a relação Mórmons Maçons não nos questionarmos sobre a possibilidade de haver alguma relação entre os rituais praticados nos templos dos maçons e as cerimônias realizadas nos templos dos mórmons. Algumas vezes tenho me deparado com escritos daqueles que discordam dos pensamentos e doutrina Mórmon, pessoas que levianamente acusam o Profeta Joseph Smith de haver “tomado emprestado” elementos da Maçonaria para desenvolver as cerimônias do templo. Mas, qualquer um que resolva pesquisar, mesmo que seja de forma superficial, concluirá que o “Endowment”, estar mais relacionado com as escrituras, (especialmente os livros de Abraão e de Moisés), e tradições “coptas” do que com os rituais da Maçonaria. Nós Santos dos Últimos Dias acreditamos ser verdade, e é, que as cerimônias do templo na forma em que as temos hoje, nada mais são do que a consolidação de antigas praticas religiosas dos predecessores e precursores do cristianismo. “Sua possível semelhança com rituais maçônicos deve-se a um ocasional encontro na história da humanidade, a Maçonaria um dia bebeu na mesma fonte doutrinária de onde jorrou o cristianismo.” Qualquer um que esteja despido de preconceito, sentimento este tão pernicioso a inteligência e ao bom senso, resolva pesquisar este tema, facilmente notará que os dois tomaram rumos diferentes na história da humanidade. Enquanto a Maçonaria parece estar preocupada em preparar o homem para se tornar melhor neste plano de existência, as doutrinas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias enfatiza a necessidade de uma mudança de vida no agora, para que se obtenha uma vida melhor no vindouro, um não ameaça o outro, na verdade ambos conciliam objetivos e metas, por isto não considero apropriado desencorajar aqueles que desejam se aprofundar em conhecimento na busca das origens das duas instituições.
Ao investigar as cerimônias realizadas nos templos mórmons, em combinação aos rituais maçônicos, o pesquisador que previamente tenha desenvolvido antipatia a um dos dois, ou a ambos, analisa tudo com desmedida desconfiança, age como que se as diversas formas de cerimônias consideradas sagradas não tenham surgido com o primeiro homem. Aos evolucionistas lembro Waldomiro O. Piazza quando diz: “Outro indicio da religiosidade do homem do paleolítico é a sua manifestação artística, evidenciadas pelas pinturas encontradas em cavernas.” As cerimônias que antes eram puras e sagradas, com o passar das eras sofreram influencias do meio e foram modificadas paulatinamente, mesmo assim conservaram sua essência sobrevivendo até nossos dias.
Esses rituais de alguma forma chegaram aos egípcios, e embora desvirtuados (conforme concepção moderna), eram por eles praticados. Ao chegar no país de Amon-Rá, Jacó e sua tribo se deparou com estes rituais. A história registra que além dos judeus e egípcios, também os cristãos coptas, e maçons medievais inseriram estes rituais em seus contextos. E, agindo como que estivesse a copiar um modelo inefável, procederam da mesma forma os elaboradores da liturgia católica e mais tarde da liturgia protestante. Reclamo como prova de minhas afirmações, algumas características comuns as religiões pré-cristãs com presença tão marcante em nossos dias, dentre estas, chamo a atenção para:



a) O uso de vestuário especial;



b) Uma forma ritualística de se proferir discursos;



c) A dramatização de um acontecimento na intenção de sintetizar a doutrina;



d) Instruções doutrinárias;



e) Uso de gestos simbólicos, (onde destaco este último como padrão comum a todos).



Em meio a tanta simbologia, como que servindo de modelo a todos, encontramos no “Livro Egípcio dos Mortos”, textos contendo orações, registros de uma viajem pós-morte, instruções com a concessão de expressões e sinais peculiares na preparação do homem carnal para a morte física, já que quando ela (a morte) chegar, o falecido terá que passar com êxito pelas sentinelas dos deuses que guardam a entrada da morada eterna. Embora em alguns momentos estas cerimônias contenham diferenças significantes, os paralelos são gritantes e nos conduzem a uma reflexão que aponta para a possibilidade de uma mesma fonte inspiradora comum a todos.
O Livro dos Mortos aborda de forma lúcida seis temas principais:



a) Ênfase na preservação de parte essencial de um rito;



b) Purificação do iniciado (completada com uma unção, lavagem dos pés, e vestes específicas);



c) A Criação, onde se faz um relato minucioso da origem da vida, (inclusive detalhando a esperança de ressurreição);



d) A existência de um jardim (tendo ao centro uma árvore sagrada que de alguma forma, através de seus frutos, após uma refeição ritualística, se obterá redenção;



e) Várias viagens ritualísticas;



f) Redenção final, (após ser interrogado pelo deus Hórus (ou Heru-sa-Aset) o falecido terá permissão de entrar no céu e estará na presença dos deuses).



Espero que meus irmãos de fé (mórmons) não me compreendam mal quando afirmo que essas antigas cerimônias contidas nos pergaminhos egípcios têm paralelos em nossos templos. Os rituais do Templo apresentam semelhanças inquestionáveis quando os comparamos aos rituais egípcios, isto também não quer dizer que o Profeta Joseph Smith tenha copiado os rituais dos antigos construtores e os tenha transformado nos Endowments Sagrados ritualisticamente praticados em nossos Templos.
Nesta minha fala estou a sugerir que tanto os ritos maçônicos quanto os praticados nos Templos Mórmons são herdeiros de uma verdade outrora perdida, e posteriormente resgatada em sua forma pura e perfeita pelo Profeta de Deus. Entendo que ao se transferirem para o país dos faraós os judeus não levaram apenas suas cabras, tendas, e jóias. Levaram também suas crenças e tradições. Não houve cópia de um ritual nem por parte dos egípcios, e nem por parte dos descendentes de Jacó, acredito na desvirtuação de uma verdade outrora comum a todos. Aos que alegam que muitos destes rituais já existiam antes mesmo da chegada de José ao Egito, faço saber a todos; nós membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias cremos literalmente ser a espécie humana de descendência adâmica, partindo desta premissa, cremos que um dia todos fomos instruídos na mesma verdade que outrora se perdeu.
A utilização de alegorias para se explicar uma idéia é farta nos textos sagrados dos diversos seguimentos religiosos, inclusive cristianismo. Embora não se possa, se quer pensar em enquadrar a Maçonaria no contexto religioso, posso dizer que as cerimônias realizadas em nossos templos (Maçom) também são alegóricas, são alusivas aos estágios da vida do homem.
Ao falar de Maçonaria é primordial a qualquer escritor tentar localizar seu momento natalício. Nesta busca por uma verdade que considero perdida, muito já foi escrito, muitas especulações já foram feitas, mas não existe nenhum consenso quanto a isso. Alguns historiadores aceitam como local de nosso “nascimento” o Templo de Salomão, outros apontam para Enoque e sua cidade retirada da terra, outros mais afoitos tentam localizar em Adão o mentalizador da fraternidade, e ainda existem aqueles com idéias mais inovadoras que defendem a ferro e fogo que a Maçonaria nasceu na Idade Média, nos canteiros de construção das antigas catedrais, a partir das necessidades dos pedreiros preservarem suas técnicas de construção. Fiz este aparte sobre a origem da Maçonaria para que meu leitor melhor assimilasse minha próxima fala.
Embora nesta nova dispensação a restauração das ordenanças sagradas se reporte a Kirtland e Nauvoo, nós Santos dos Últimos Dias cremos que as ordenança do Templo são tão antigas quanto o próprio homem, e que a essência do evangelho de Jesus Cristo foi primeiramente revelado a Adão. Posteriormente estas verdades foram reveladas a Sete; Noé; Melquisedeque; Abraão, e a cada um dos profetas conforme a dispensação. Nós, Santos dos Últimos Dias, cremos que as ordenanças realizadas hoje em nossos templos são réplicas fidedignas destes rituais.
Não copiamos a Maçonaria, não copiamos os rituais egípcios, não tomamos parte no movimento de reforma protestante, as ordenanças realizadas em nossos templos são de propriedade exclusiva do Senhor Jesus Cristo e Ele as restaurou através de seu Profeta Joseph Smith.
Todos, principalmente os Santos dos Últimos Dias, devem entender que a filosofia e os grandes princípios da Maçonaria não são incompatíveis com a teologia e a doutrina Mórmon. Tanto a Maçonaria quanto A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias enfatizam a moralidade, o sacrifício, a consagração, e o serviço. Ambas condenam o egoísmo e a cobiça. Além disso, o objetivo do Ritual Maçônico é tornar a verdade tão disponível ao homem quanto ele possa suportar adquirir.
Aqueles que discordam da fé Mórmon tentam a qualquer custo provar a existência de possíveis semelhanças entre os dois rituais, como que se suas próprias vidas dependessem disto, é claro que a intenção final é tão somente desacreditar o Profeta Joseph Smith como restaurador de antigas e perdidas doutrinas cristãs, e assim destruir aquilo que alguns pejorativamente chamam de “seita mórmon”.
Para atender suas necessidades, os inimigos do Evangelho Restaurado, agindo como insaciáveis hienas famintas não notam que as semelhanças existentes entre os dois rituais estão limitadas a uma pequena percentagem de ações e palavras, na verdade, se estes pesquisadores fossem mais atentos teriam notado que o Endowment tem mais semelhanças com os textos coptas que com a Maçonaria. Mesmo quando comparamos os dois rituais, levando em conta o simbolismo, notamos que os significados são diferentes. Talvez a mais forte semelhança entre ambos esteja limitada a explicação da criação e da vida, da obrigação existente dos participantes fazerem convênios, ou juramentos. No entanto, destaco que as Investiduras, ou Endowments, feitos pelos mórmons são convênios realizados reclamando-se a devida autoridade do Sacerdócio, que se honrados estes convênios, conduzirão o fiel a bênçãos eternas provenientes do Senhor Jesus Cristo. Enquanto que na cerimônia maçônica não se reclama autoridade do sacerdócio para realizá-la, nem tampouco, ninguém reclama para si o direito de representante de Jesus Cristo, ou qualquer outra divindade, para agir. A participação ativa de Deus no mundo e na vida dos homens é uma característica do templo mórmon que não encontra paralelos na Maçonaria. Outra diferença que posso destacar aqui, é que a Maçonaria crê em um Deus indefinido, impessoal, a quem universaliza chamando-o de “Grande Arquiteto do Universo”, contrário aos ensinamentos dos Santos dos Últimos Dias que atribui os rituais de Endowments a Deus, que é um personagem real e físico, é o Pai eterno. No mormonismo todos necessitamos aprender que os Endowments direcionam nossos olhares para a eternidade, e seu objetivo é nos preparar para viver eternamente com Deus e desfrutar da vida eterna.
A Maçonaria é uma sociedade fraterna, nada, além disto. Não pode nem deve ser comparada a uma religião. Em seu ritual todas as promessas, juramentos e convênios são feitos entre os membros da fraternidade. Nos templos (Mórmon) todos os convênios são feitos entre os indivíduos e Deus. Na maçonaria, todas as penalidades ou condenações acontecem em consonância com as regras da Fraternidade ou voto dos filiados. No Endowment, só Deus é o juiz, e tudo acontece conforme seus desígnios. Na Maçonaria, os graus atingidos são de grande importância, enquanto que no templo mórmon não existem distinções, todos os participantes são colocados em pé de igualdade perante Deus. Outra diferença que caracteriza a ambas as organizações é o confronto entre o bem e o mal, incluindo o papel do demônio que é bem definido e claramente retratado quando do recebimento dos Endowments, mas, em contra partida, tudo isto é completamente inexistente nos ritos maçônicos.
As cerimônias do Templo enfatizam a salvação para os mortos através dos trabalhos vicários, enquanto que nada no Ritual Maçônico permite ou sequer sugere a necessidade de se agir em nome dos mortos. Nos rituais do Templo Santos dos Últimos Dias as mulheres participam sob todos os aspectos, de todas as ordenanças. Na Maçonaria, embora existam organizações femininas auxiliares, o ritual maçônico as exclui das praticas ritualísticas.
Considero um grande diferencial entre as duas organizações a inclusão das mulheres nas práticas rituais do Templo (Mórmon). O ritual Mórmon tem seu ápice na união eterna do marido a sua esposa e filhos, formando assim uma longa corrente de famílias eternas. Na Maçonaria não existe nenhum paralelo, nada que possa ser comparado a este ensinamento Mórmon.
Eu, quando um Mórmon, vejo os templos maçons fundamentalmente diferentes da forma como são os templos Mórmons.
Eu, quando um Maçom ao me deparar com as semelhanças existentes entre os rituais do templo e os rituais maçônicos, compreendo serem apenas resíduos de uma antiga origem em comum.




APENDICE


ENDOWMENT – Ordenança especial (ou um rito sagrado) realizado nos Templos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Quando do recebimento dos Endowments, a pessoa é ensinada sobre algumas doutrinas sagradas, podendo então participar dos ritos, e fazer convênios, ou promessas, com o Senhor. Só participam de sessões de Endowments membros adultos da Igreja, considerados dignos e conscientes de seus compromissos.

COPTA – Cristãos que por volta do Século II viviam no Egito, e adotavam o *monofisismo como regra de fé, e foram condenados pelo Concílio de Calcedônia realizado em 451 d.C.

*Aceita Jesus Cristo como completamente divino, sem heranças humanas.

RITO/RITUAL – Conjunto de regras e cerimônias de caráter sacro ou simbólico que segue preceitos estabelecidos.

KIRTLAND/ NAUVOO – Respectivamente as duas cidade americanas onde foram construídos os dois primeiros Templos, com o objetivo de conceder Endowment.




BIBLIOGRAFIA


Bíblia, Almeida Corrigida e Revisada – Genesis 46:5;8;26
Boucher, Jules. A Simbólica Maçônica. Editora Pensamento, 1899
Hornung, Erik, traduzido por Lorton, David. O Antigo Livro Egípcio dos Mortos
Ivins, Anthony W. A relação entre "mormonismo" e Maçonaria. Salt Lake City, 1934.
Madsen, Truman G., ed. O Templo na Antigüidade. Provo, Utah, 1984.
Nibley, Hugh W. A Mensagem de Joseph Smith - Papiro: Um Endowment egípcio. Salt Lake City, 1975.
Oliveira, Cesóstre G. Os Construtores de Templos – Os Mórmons e a Maçonaria, http://www.4shared.com/get/65140167/328d8922/Os_Construtores_de_Templos_-_Os_Mormons_e_a_Maonaria.html - em 04/05/2009
Packer, Boyd K. O Templo Sagrado. Salt Lake City, 1980.
Piazza, Waldomiro O. Religiões da humanidade, pág. 12, Editora Loyola, 1977.