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SOU MÓRMON, SOU MAÇOM, E AGORA?

Cesóstre Guimarães de Oliveira
Mórmon/Maçom
Loja Maçônica Humanidade e Concórdia, nº 2851
Grande Oriente do Brasil no Maranhão


Pensando na relação Mórmons Maçons, cheguei à seguinte conclusão: nós, os livres pensadores somos "TOLERADOS" no seio de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Impressiona-me ver que a relação que existiu e ainda perdura até nossos dias, entre a Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é um tabu temido por alguns, odiado por outros, e por uma minoria bem pequena (aqui me incluo) é compreendida. Por vezes me entristeço ao ver que não só os membros novos, mais até mesmo membros antigos que ocupam cargos de proeminência desconhecem esta relação, e sua importância histórica no estabelecimento do evangelho restaurado, e por desconhecê-la, repudiam.
Surpreendo-me sempre ao ouvir justificativas apresentadas por membros da Igreja quanto à presença de nossos primeiros líderes no seio da fraternidade maçônica, eles tentam justificar esta relação como que se algo de errado tivesse sido praticado por tão nobres e proeminentes líderes. Reafirmo o que já foi dito: os primeiros cinco presidentes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foram iniciados na Maçonaria, e com eles todo o primeiro Quorum dos Doze Apóstolos, além de vários (muitos) outros membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e lá (na Maçonaria americana) permaneceram até a morte. Com o mesmo zelo que guardaram seus testemunhos, estes homens de nobres estirpes jamais negaram a maçonaria. Penso que aqueles que tentam justificar os líderes iniciados na Maçonaria, estão a acusá-los de um feito errado. “Quem se desculpa, se acusa”, esta frase esteve muito tempo em um mural na sala da presidência de minha estaca, demorei a entender o teor da mensagem, talvez a compreensão literal do texto por parte de quem o colocou lá não seja a mesma minha, mas em um ponto podemos concordar, se não estou errado, não devo me desculpar.
O preconceito, a ignorância, a epistemofobia tem mutilado a história mórmon, bem pouco são os registros que tratam desta relação, e destes, menos ainda são aqueles expostos ao publico, e em especial aos membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (a grande maioria dos escritos são de autores não mórmons), algumas vezes tenho a impressão que se fosse permitido aos nossos historiadores, eles rasgariam estas páginas de nossa história.
Tentar pesquisar sobre a relação mormonismo e maçonaria é algo extremamente penoso. O desrespeito, o descaso com nossa historia é gritante. Se pegarmos velhos manuais, ou até mesmo livros escritos por antigos líderes, e compararmos estes a suas versões atuais, de forma desconcertante verificaremos que muito do que se refere à estadia de nossos precursores (mórmons) na maçonaria, foi intencional e completamente ignorado. Quando algum escrito sobrevive ao zelo desconcertante de um ou outro historiador mórmon, atônitos podemos concluir que parte do texto foi editado, capítulos inteiros que tratavam desta temática foram reduzidos a 10 ou 15 linhas onde maçonaria aparece como algo sem relevância, ou um acontecimento local.
Esta cegueira intencional por parte de alguns líderes é algo que desconcerta e incomoda até mesmo ao mais desatento pesquisador de nossa história. Em conversa reservada com um irmão Maçom que também é Mórmon, eu me arrisquei a profetizar, (esta é uma força de expressão, não estou a dizer que sou profeta, tenho um testemunho do Presidente Monson), dizia a ele: chegará o dia em que nossos lideres terão que se pronunciar oficialmente sobre maçonaria, temo por este dia. Receio que o preconceito seja mais forte que a razão, o medo daquilo que se desconhece supere o desejo pela busca do conhecimento, receio pelo dia em que não mais teremos as 13 Regras de Fé no formato que as temos hoje, temo pelo dia em que não mais poderemos ensinar nossas crianças que “...se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a procuraremos”(13º Regra de Fé). Oxalá este dia nunca chegue, pois se ele chegar, teremos que encontrar respostas para explicar ao mundo por que nossos mártires morreram, teremos que explicar que a intolerância que os matou não é a mesma que nos motiva a rejeitar a mais sublime organização ¹agregadora religiosa criada para os homens. Para aqueles que parecem ter esquecido, lembro (novamente), Maçonaria não é religião, e não tem pretensões de ser ou combatê-las, afinal, sempre fomos nós os maçons as vitimas dos religiosos, e nunca os seus algozes, a história secular nos mostra isto.
Quando afirmo ser a Maçonaria religiosa estou pautado nas afirmações de grandes e ilustres mórmons maçons, ou maçons de outros seguimentos religiosos. Isento-me aqui de citá-los já que este não é o objetivo a que me propus ao iniciar esta escrita, mas esclareço que somos religiosos por que “é requerido de cada Maçom o reconhecimento de um único princípio criador, regulador, absoluto, supremo e infinito ao qual damos o nome de Grande Arquiteto do Universo, por que é uma entidade espiritualista em contraposição ao predomínio do materialismo”. (www.masonic.com.br, em 23/01/2009)
Maçonaria não pode nem deve ser comparada a uma religião já que não nos enquadramos, nem pretendemos nos enquadrar ao perfil de uma. Sabemos que uma religião é caracterizada por cultos a uma divindade, na Maçonaria mesmo reconhecendo e respeitando a existência do Grande Arquiteto do Universo, em nenhum momento de nossa ritualística aparece o culto á uma divindade cristã ou pagã, deixamos esta pratica para as religiões. Outro ponto que caracteriza uma religião, que não tem presença confirmada na ritualística maçônica é a existência de doutrina ou um sistema organizado religioso. É requerido a cada Maçom que manifeste a crença em um ser supremo, para nós independe se o deus a quem a pessoa professa sua fé é Iahweh, Alá, Krishna, etc. Nós nos relacionamos respeitando a fé de cada um, nós mórmons maçons compreendemos que esta relação pacífica é parte da doutrina de Jesus Cristo, e tem ligações diretas com o livre arbítrio, pois até mesmo a 11º Regra de Fé é inquestionável quando afirma que “Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem”.
Sou Mórmon, sou Maçom, bem poucos daqueles não iniciados têm a compreensão da magnitude que é pertencer a estas duas sublimes organizações, sendo Maçom estou completo como Mórmon, conhecimentos que ora para mim estiveram perdidos agora posso resgatá-los na sublime instituição que é a Maçonaria. Concluindo meu pensamento cito o Presidente Joseph Fielding Smith: ²"Muitos filiaram-se à instituição maçônica. Isto parece ter sido um degrau ou preparação para algo mais, a verdadeira origem da Maçonaria. Isto também vi e me regozijo."

APENDICE


¹Não confundir com religião. (A Maçonaria é Religiosa? http://www.masonic.com.br/trabalho/conceito.htm).

²Joseph Fielding, Diary (1843-1846), Church Archives, citado em "`They Might Have Known He Was Not a Fallen Prophet' – The Nauvoo Journal of Joseph Fielding", editado por Andrew F. Heath. BYU Studies 19 -Winter 1979.)

POR QUE JOSEPH SMITH ENTROU PARA MAÇONARIA?

Nauvoo foi fundada pelos Santos dos Últimos Dias em 1839, quase dez anos depois que a igreja tinha sido organizada. A década tinha sido de perseguição implacável contra os membros da igreja. As forças do mal pareciam ter se combinado para combater à restauração do evangelho simples de Jesus Cristo.

O Profeta, para conservar sua vida, foi obrigado a fugir de Kirtland, Ohio, tiveram que abandonar um templo encantador e muitas empresas progressivas que tinham sido construídas. Os Santos como um corpo, foram expelidos de Missouri, sob a ordem de extermínio do governador do estado, apesar de diversos estabelecimentos bem sucedidos pertencentes a membros da igreja dentro do estado. Os Santos foram em procura de uma cidade refúgio, então fundaram uma vila num lugar pantanoso, logo o comercio lá prosperou.

O estabelecimento em Nauvoo foi efetuado na esperança que os Santos pudessem agora viver em paz, para assim adorar o Deus criador dos céus e terra. Lá construíram rapidamente suas casas, logo Nauvoo despontou como a cidade mais populosa e prospera de Illinois. Mas logo após sua chegada lá, os vizinhos começaram a questionar as doutrinas da Igreja. A prosperidade dos industriosos Santos e também o ciúme por parte daqueles que não estavam dispostos a pagar o preço da labuta pelo sucesso incitou a ira dos moradores do local que não eram da Igreja. A perseguição reiniciou-se como havia acontecido em outros lugares. As diferenças e as perspectivas políticas também contribuíram para o contexto de animosidade.

Os Santos já conheciam bastante os sofrimentos causados pelas constantes perseguições das turbas. Joseph Smith procurava meios para proteger a Igreja das grandes perseguições opositoras.

Muitos dos Santos eram maçons, tais como, Hyrum o irmão de Joseph, Heber

C. Kimball, Elijah Fordham, Newel K. Whitney, James Adams, e John C. Bennett. Estes membros da Igreja constantemente convidavam todos ao espírito de liberdade e amor fraternal que são as fundações da fraternidade maçônica e que caracterizam atividades maçônicas.

Nos registros da maçonaria, aqueles princípios estavam altamente inseridos em seus objetivos de a cada dia trabalhar para fazer o outro mais feliz, não somente algum tempo mas todo o tempo.

Este ideal estava de acordo com os ideais elevados do Profeta. Além disso, era sabido por todos que muitos dos homens proeminentes e influentes do estado eram maçons, homens estes que poderiam ser amigos quando necessário. A associação com tal fraternidade poderia ajudar diminuir as perseguições das turbas, a exemplo do que a igreja tinha sofrido em Ohio e em Missouri, raciocinaram assim os conselheiros do Profeta.

Os maçons se tornariam amigos da igreja caso fosse preciso. O trabalho em Nauvoo cresceria se a oposição à igreja fosse contida. O Profeta e os membros da igreja já tinham sofrido muito. Agora queriam paz. Talvez a maçonaria ajudasse. Assim, analisado a luz da historia, talvez tenha sido este o pensamento dos líderes.

Com a aquiescência do Profeta, os membros maçons da Igreja peticionaram ao Grão Mestre de Illinois a permissão para instalar uma Loja em Nauvoo. Em resposta foi concedida a permissão em outubro, 1841, mas só em 15 de março de 1842, que a autoridade veio a Nauvoo para iniciar membros novos, Joseph Smith foi então iniciado. Joseph Smith recebeu alguns dos graus maçônicos, embora ele não fosse um maçom muito ativo. Seu chamado consumia seu tempo e energia. Sua historia mostra que estava extremamente ocupado com uma multidão de problemas da Igreja neste período.

Entretanto, um grande número cidadãos de Nauvoo foram iniciados na fraternidade. Logo a Loja de Nauvoo tinha mais membros do que todas as Lojas restantes de Illinois juntas. Cresceu tanto ao ponto de se tornar a maior Loja do Estado. Neste crescimento rápido, alguns erros parecem ter sido cometidos na Loja. Estes entretanto poderiam facilmente ter sido corrigidos.

Entretanto, a associação de Joseph com a Maçonaria não diminuiu a perseguição. As reivindicações religiosas dos mórmons eram ridicularizadas; o emergente poder político da Igreja pareceu uma ameaça; e sua prosperidade irritava os vizinhos menos sucedidos.

A tentativa de ganhar amigos através da maçonaria com o intuito de frear, ou até mesmo amenizar as perseguição falhou. Todos os maçons somados, eram somente uma fração pequena dos povos do território que cercava Nauvoo. E ninguém sabe com certeza se alguns deles fizeram alguma coisa para frear a perseguição aos "mórmons". A terrível perseguição que cominou com assassinato do Profeta e de seu irmão Hyrum era considerado um caso local. Já que dentro do território de Nauvoo viviam povos de muitos credos e convicções religiosas.

Evidências e reconciliação, p.357

© do copyright por Bookcraft

W. John Walsh

Ainda hoje é bastante comum o ataque por inimigos da Igreja aos Santos dos Últimos Dias porque alguns de nossos líderes da igreja, inclusive Joseph Smith, foram associados com o movimento maçônico. Muitos destes críticos odeiam Maçonaria com o mesmo grau de paixão com que eles odeiam os Santos dos Últimos Dias. Conseqüentemente, parece apropriado fazer alguns comentários sobre Maçonaria. A seguinte informação foi recebida de uma Loja local:

A Maçonaria ensina aos cidadãos respeitáveis a respeitarem às leis morais da sociedade e a obediência às leis do governo sob que vive. Os maçons são homens de caridade e devotados ao trabalho. Persistentes em praticar a filantropia!

Os Maçons dos EUA contribuem com quase dois milhão dólares cada dia para as causas de caridade que, sozinho, mantêm. Estes serviços à humanidade representam um exemplo e um paralelo do compromisso dos interesses humanitários da maçonaria original e honorável.

Muitos dos patriotas da nação americana eram maçons, os treze signatários da constituição e quatorze presidentes dos Estados Unidos, começando com George Washington também o eram.

Hoje, mais quatro milhões de maçons estão espalhados no mundo, oriundos de cada ocupação e profissão. Dentro da fraternidade entretanto, eles participam de todas as reuniões como iguais. Vêm de diversas ideologias políticas, mas encontram-se como amigos. Vêm de diversos seguimentos religiosos, mas todos acreditam em um deus.

 

Um dos aspectos mais fascinantes da Maçonaria é: que muitos homens completamente diferentes, podem se encontrar juntos na paz, nunca tendo debates políticos ou religiosos, conduzem sempre seus casos na harmonia e na amizade, e chamam-se de irmãos.


 

John A. Widtsoe

A ORIGEM DA MAÇONARIA

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Aqui farei uma sinopse de fatos por mim considerados relevantes na história da ordem, na verdade o que segue é somente uma síntese daquilo que alguns apontam como verdade, trago para reflexão um pouco daquilo que foi pensado por pesquisadores da Maçonaria.

Qualquer um que de algum modo tenha ligação (ou não) com a maçonaria já se perguntou: Qual sua origem, como tudo começou? Nesta primeira parte não tenho a intenção de responder a estes questionamentos, até mesmo por que este não é o objetivo central desta compilação, apenas exponho os fatos, e caberá a cada um decidir qual versão mais lhe agrada.

Não nego que a origem da Maçonaria esteja completamente envolvida em mistérios para o não iniciado, seu surgimento tem sido constante tema de discussão entre pesquisadores de sua história, nenhum outro tópico na literatura da instituição é tão debatido quanto este. Escritores têm atribuído diferentes origens a ordem, alguns têm dito que ela nasceu nos primeiros momentos da Religião Judaica, outros afirmam ter surgido na construção do Templo do Rei Salomão, e alguns outros apontam sua manhã primaveril na ordem dos Cavaleiros Templários. Ainda existem aqueles que insistem em nos dar como berço os sindicatos dos Pedreiros Operativos da Idade Média, tomando como base o ano de 1717 quando foi organizada a Grande Loja da Inglaterra, estou propenso a aceitar qualquer outra teoria, mas discordo em especial desta. É fato histórico irrefutável que a ordem já existia há muito mais tempo, os fatos e registros históricos comprovam isto.

Não sei precisar quando surgimos, nem tento explicar o que considero inexplicável. Prefiro acreditar que somos bem mais antigos que os momentos apontados por escritores afoitos e desejosos por fama. Tenho como verdadeiras as afirmações de Joseph Smith, Brigham Young, Heber C. Kimball e outros líderes de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons), eles afirmavam que a Maçonaria era tão velha quanto o mundo. ("Dialogue A Journal of Mormon Thought" - http://www.dialoguejournal.com). Aconselho aquele que ler a continuar a leitura e ao final concluir por si só se tenho ou não razão.

Em 1723 foi publicado em caráter oficial um texto editado pela Grande Loja da Inglaterra onde diz que a maçonaria deu seus primeiros passos a partir das idéias de um dos descendentes do primeiro assassino da humanidade, Lameque, o cego. Segundo pesquisas feitas por alguns historiadores maçons, a doutrina de Lameque foi perpetuada por sua linhagem, chegando até o Rei Salomão, cuja história da construção do seu Templo serviu de personificação aos ideais sociais e espirituais da Maçonaria. Porém, antes desta versão existia outra bem mais antiga, que era aceita como verdadeira. Baseado em alguns documentos antigos da Maçonaria alguns têm apontado Ninrod o idealizador da Torre de Babel como nosso possível precursor.

Um manuscrito de origem inglesa e autor por mim desconhecido (em nenhuma fonte encontrei referencias sobre quem o tenha escrito primeiro), datado de 1430, faz referência a Ninrod afirmando ser ele o primeiro Mestre Maçom, Ninrod era filho de Ham e descendente direto de Noé, penso que por este motivo seja comum observar que em alguns documentos anteriores a 1717 os maçons às vezes são chamados de: "Filhos de Noé". Este mesmo Ninrod é apontado como o autor do que seria a base para as principais leis e constituições maçônicas, segundo a tradição escrita, consta em velhos pergaminhos que ele mesmo iniciou seus irmãos enquanto supervisionava a construção da Torre de Babel. É também atribuída a ele, pela tradição Árabe a fundação de uma cidade na Mesopotâmia (atual Turquia), ainda hoje alguns escritores locais por vezes a chamam de "Trono de Ninrod", seria esta uma prova da veracidade desta "lenda?". Também é atribuída ao mesmo Ninrod a edificação das cidades de Nínive e Babel (Babilônia).

Rebuscando nos textos bíblicos, e em outros textos também antigos, cheguei à conclusão que a construção da Torre de Babel tinha como principal objetivo a união das realidades visíveis e invisíveis, terrenas e divinas, assumindo o lugar de Pilar do Mundo. Com a queda do primeiro homem (Adão), a raça humana agora largada em um mundo frio e sombrio iniciou desesperadamente a procura por uma forma de retornar a seu primeiro estado de pureza edênico, a intenção era reconquistar os privilégios perdidos junto a Deus. Vemos este desejo de ascensão expresso de modo claro na construção da Torre de Babel, gostaria de ressaltar aqui que o nome Ba – bel, em sua literalidade significa "Portão de Deus". Alguns registros antigos afirmam que a torre era constituída de sete zigurates que simbolizavam as sete forças planetárias, forças estas que regeriam o destino da humanidade, permitindo desta forma, e de modo simbólico a cada iniciado ultrapassar as barreiras que mantêm o homem separado da deidade e nele tocar, voltando então a seu antigo estado de pureza.

Outra lenda árabe é usada na tentativa de dar veracidade ao relato, diz à lenda que Ninrod construiu a Torre de Babel para que de seu ponto mais alto voasse até o Céu em seu carro de ouro puxado por quatro pássaros com formas humanas.

Outros autores bem como Michael Howard e Nigel Jackson, afirmam que tal lenda alegoricamente representa a queda dos anjos que inconformados com o exílio na terra estão empenhados a qualquer preço em romper as sete dimensões que os impedem de regressar ao seu estado celestial. Conforme alguns escritos antigos de origem judaica, Ninrod seria descendente dos Nefilins (Vide Genesis Cap. 6), isto explicaria seu desejo de unir a terra ao céu e sua constante luta para retornar ao paraíso.

Devemos entender que esta é somente uma das muitas versões que tentam explicar a origem da Maçonaria, existem outros textos que endossam as lendas, mais mesmo estes não são conclusivos ao ponto de dirimir qualquer dúvida, por isso chamamos estes fatos de lendas. Cabe a quem ler interpretar por sua própria ótica e a partir daí tirar suas próprias conclusões, o tema é polemico, e ainda muito será dito sobre isto. Aquele que ler deve ter consciência que o consenso nunca virá. Pois bem sabemos que o mistério, o oculto, o sigiloso é o maior patrimônio da Maçonaria. As versões existem, escolha uma.

Apresentando agora mais uma versão convido-o a contextualizar-se com a história, no ano de 1096 o Papa Urbano II tencionando recuperar Jerusalém que se encontrava cativa dos seguidores de Maomé convoca os cristão para uma "guerra santa" dando início ao movimento religioso militar denominado historicamente de cruzadas, três anos depois os cristãos católicos conquistam Jerusalém matando todos os habitantes. Em 1118 o Rei Balduíno governa absolutamente sobre a cidade santa, com o estabelecimento do poder católico sobre Jerusalém duas organizações religiosas se estabelecem na cidade, uma delas eram os "Hospitalários – Cavaleiros de São João", que tinha como principal objetivo cuidar dos doentes e feridos, a outra trazia características menos humanitárias, pois se destacavam por estarem voltados para a causa militar e se auto denominavam "Os Pobres Cavaleiros de Cristo" e são eles os precursores do Cavaleiros Templários, que trataremos a seguir.

A organização que inicialmente contava com poucos membros que eram liderados por um cavaleiro de Burgundian, Hughes de Payens e mais oito amigos (alguns escritores dizem ter sido seis) tomaram para si a responsabilidade de representantes da igreja cristã em Jerusalém, inicialmente a intenção era proteger os peregrinos que marchassem rumo à cidade santa.

Eles receberam de Balduíno II um estábulo que ficava ao lado da mesquita de Al-Aqsa para que lá estabelecem sua seu quartel general. O Livro da Lei (Bíblia) deixa claro que o lugar onde foi construída esta mesquita era o Monte Moriah (II Crônicas 3:1), supostamente onde anteriormente havia sido construído o Templo de Salomão. Foi em função do templo que estes Cavaleiros receberam o nome de Templários.

Estes protetores dos cristãos haviam feito votos de pobreza, e adotavam em seu brasão dois cavaleiros em um só cavalo, a intenção era mostrar sua absoluta pobreza, já que não tinham dinheiro para comprar um cavalo. Os primeiros nove anos dos também chamados "Commilitones Christi Templique Salomonis" ou "Os pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo do Rei Salomão" foram transcorridos sem quase nenhum crescimento, ninguém queria arrisca-se por uma causa ou uma organização onde não havia ganhos reais, mais muito em breve a organização tomaria novos rumos, seu crescimento seria fantástico. No ano de 1127 os cavaleiros vão a Roma pedir o apoio do Papa para sua causa, e lá conhecem St.Bernard de Clairveaux, que era líder dos Monges Beneditinos a partir daí a história dos "Pobres Cavaleiros de Cristo" toma novos rumos, e em breve já muito ricos contando com o apoio do Papa e de vários homens ricos eles passam a ser denominados simplismente de "Cavaleiros Templários".

Com a fama e dinheiro a ordem ficou conhecida, e logo se tornou uma necessidade entre aqueles que desejassem demonstrar sua fidelidade a Igreja Católica ingressar nesta fraternidade. O respeito, a admiração e a grande riqueza destes cavaleiros compunham junto com a religiosidade os atrativos que os impulsionavam a ingressar na ordem. A fortuna destes templários era tamanha que chegaram ao ponto de fazer empréstimos a reinos, inclusive não cristãos (muçulmanos). Muitos se destacaram na ordem, entre estes guerreiros da fé estava o Conde de Anjou que posteriormente foi coroado Rei de Jerusalém. Observamos assim que a ordem dos Cavaleiros Templários só foi instituída aproximadamente mil anos após a destruição do templo de Jerusalém pelo exército romano sob a liderança de Vespasiano e seu filho Titus, dando cumprimento a profecia que dizia: "não ficara pedra sobre pedra". (Mat. 24:2.)

É um fato histórico que nenhuma pedra de esquina do Templo foi quebrada e que os Cavaleiros Templários afirmavam ser praticantes dos verdadeiros rituais e cerimônias do Templo de Salomão. Ao estudar a história dos Cavaleiros me veio uma pergunta; se eles tinham registros das cerimônias e ordenanças do Templo de Salomão, onde obtiveram estes registros? Christopher Knight e Robert Lomas autores do livro "A Chave de Hiram", afirmam que os templários trabalharam de modo incansável na busca destes registros. Eles se revezavam em escavações arqueológicas no local onde antes estava o templo de Salomão. E lá encontraram peças arqueológicas que lhes deu muita luz sobre as sagradas práticas templárias. Neste momento alguns pesquisadores dizem, ter de fato iniciado a Maçonaria.

Já Matthew Ramsey, pesquisador e escritor do assunto, embora concorde que a Maçonaria tenha sua origem nos Cavaleiros Templários aponta outro momento de nascimento da Ordem. Ainda existem muitos outros pesquisadores do assunto que calculam o surgimento da Maçonaria em tempo anterior aos Templários, mas neste momento não os comentaremos, deixarei isto para outro projeto onde pretendo detalhar todas as teorias de surgimento da maçonaria.

Após se estabelecer em Jerusalém (entre 1118 e 1314), e se tornarem uma organização poderosa e rica os Cavaleiros Templários começaram a atrair olhares de cobiças para seu imenso patrimônio. Sabemos que um Templário só se submetia as ordens do Papa, inclusive alguns escritores afirmam que entre outras atribuições eles eram a guarda pessoal do Papa, sua submissão era inteiramente voltada para o "representante de Deus", e viviam para proteger Jerusalém. Eles se comportavam em pé de igualdade com os reis, até mesmo Felipe o Belo, Rei da França os temia. Após alguns anos Jacques De Molay que também era monge católico, assumiu a liderança dos Cavaleiros Templários com o titulo de Mestre Principal.

O Papa de então era Clemente V, e Phillippe O Belo era Rei da França. O primeiro, diga-se de passagem era um fantoche nas mãos do Rei da França, havia chegado ao "Trono de Pedro" graças às armações de Felipe o Belo que se encontrava completamente falido. De olho na fortuna dos Templário Felipe o Belo resolveu destruir a ordem e isto faria com a ajuda de sua marionete o Papa Clemente V, juntos arquitetaram a única acusação que poderia destruir a ordem dos (não tão) Pobres Cavaleiros de Cristo, heresia, seria esta a acusação. Como parte deste maquiavélico plano, O Mestre Principal Jacques De Molay que se encontrava em Jerusalém e estava preparando mais uma expedição para rechaçar ataques sofridos por peregrinos cristãos por parte dos seguidores da religião islâmica, recebe ordem do Papa Clemente V para retornar a França, no que é obedecido de imediato. Na chegada Jacques De Molay foi recebido com grandes demonstrações de amizade por parte da igreja, mas em seguida o rei ordenou sua prisão e também a de vários outros Cavaleiros Templários sob acusação de vários crimes hediondos. Mas as acusações concentravam-se particularmente nas alegações de que todos eram praticantes de rituais secretos que incluíam adoração de um demônio chamado Baphomet, pisar, negar e cuspir na cruz, práticas de sodomia e homossexualismo, além de juramentos de iniciação conspiratórios. Isto tudo aconteceu no dia 13 de outubro de 1307, vindo daí a superstição de que o dia 13 é um dia de azar.

Após serem torturados foram fossados a reconhecer uma culpa que não lhes pertencia, no cumprimento de uma ordem do Arcebispo de Sens, Jacques De Molay, e outros membros da Ordem foram queimados vivos em praça publica no dia 18 de março de 1314. Mas antes de sua morte Jacques De Molay designou Johan Marcus Larmenio como seu sucessor para o oficio de Mestre Principal. Encontrei em alguns livros uma afirmação interessante, registram os autores que enquanto ardia na fogueira Jacques De Molay disse a Clemente V e Felipe o belo, que antes que se completasse um ano de sua morte ele os aguardaria no tribunal dos céus para prestarem contas de seus crimes, se isto procede não sei, mais é fato histórico que no mês seguinte Clemente V veio a falecer e Felipe o belo seguiu o mesmo caminho sete meses depois...

Em continuidade aos planos de aniquilação da ordem dos templários Clemente V declarou extinta a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo ou Templários, os membros desta organização que tanta fidelidade devotaram ao líder maior do catolicismo, agora eram pela igreja caçados como feras, onde houvesse um templário, a ordem do Papa era que fosse entregue as autoridades eclesiásticas, afim de que fossem interrogados (torturados), caso houvesse a confissão, ou não, deveriam ser mortos. Com a execução do Mestre Principal Jacques De Molay e de vários outros cavaleiros a organização se viu momentaneamente desorientada. Os cavaleiros Templários na tentativa de sobreviver, se espalharam por toda Europa. Alguns dos que fugiram para Portugal assumiram o título de Cavaleiros de Cristo e depois de algum tempo tiveram Dom Henrique, o rei, como seu Grão Mestre. Outros Cavaleiros que fugiram para a Escócia foram acolhidos pelo Rei Robert Bruce, e lá o Rei não permitiu que nenhuma forma de represália fosse imposta aos Templários, talvez por isto a Escócia tenha influenciado de modo cabal a Maçonaria mundial. Lá os Templários se estabeleceram com o título de Ordem dos Pedreiros Livres e Aceitos do Rito Escocês. Isto aconteceu no ano de 1314 e também atesta contra a teoria que aponta o ano de 1717, como momento do nascimento da Maçonaria.

Alguns pesquisadores têm dito que durante muito tempo a nova Ordem dos Templários manteve um juramento que tinha por objetivo vingar a morte de Jacques De Molay. Mas depois da morte do Papa Clemente V parece ter sido descontinuado este juramento. A Ordem voltou sua atenção para alegorias e símbolos, e a analise de extensos textos da Bíblia que eram utilizados como introdução em suas cerimônias.

Vivendo agora na clandestinidade pouco ficou registrado sobre as atividades dos remanescentes dos templários. Finalmente na noite de 24 de junho de 1717 as quatro maiores lojas maçônicas da Inglaterra resolveram tornar publica suas existências, foi oficialmente criada à primeira Loja Principal de Londres. Hoje na maioria dos países onde estamos (maçons) a maçonaria é uma organização civil devidamente registrada em cartórios e legalizada

Depois da criação da Loja Principal, a Maçonaria se espalhou rapidamente por toda Europa, e em 1732 os maçons cruzaram Atlântico rumo a América. A teoria de Chevalier Ramsey afirma que a Maçonaria moderna teve seu berço na Sociedade dos Cavaleiros da Escócia sob a proteção de Robert Bruce, com o titulo de Rito Escocês Antigo e Aceito. Caso ele esteja certo entendo então que seria coerente afirmar que tudo iniciou com a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, contendo enxertos de práticas comuns aos antigos mistérios praticados no Egito, Caldeia, Grécia, Suméria e outras nações antigas. Mas, como eu disse no inicio desta compilação, estas são somente algumas das versões apresentadas como nossa origem, o consenso não existe.


 

Este texto é parte de meu livro intitulado "Os Construtores de Templos – Os Mórmons e a Maçonaria".

 

Cesóstre Guimarães de Oliveira

LDS/Freemason

cesostre@hotmail.com