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SENDO EU MÓRMON, PORQUE SER MAÇOM?

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Mais uma vez, em função de um questionamento que me foi feito por e-mail, transformo uma resposta, em texto a ser compartilhado no blog. Neste texto, ao tentar satisfazer a curiosidade de um irmão, sintetizarei alguns dos pensamentos compartilhados comigo, por outros mórmons maçons. Esclareço que infelizmente, mesmo se tornando em obrigatoriedade, não poderei citá-los. Espero que entendam que ao deixar de citar as fontes, a intenção é somente preservá-los da inconsistência comportamental de alguns irmãos mórmons, já que de forma sutil, e gradativamente lenta, as ações repressivas têm se manifestado, algumas vezes tornando impublicáveis seus comentários nos rodapés de cada texto exposto no blog. Fico triste, mas, não decepcionado, entendo que os comentários daqueles que deveriam nos proteger, refletem os pensamentos de uma minoria que optou pela marginalidade, ignorando as instruções da liderança maior, os fatos históricos seculares e os manuais de instruções.
Silenciosamente, e aos poucos, estou me acostumando aos (disfarçados) olhares de reprovação vindos dos que um dia voluntariamente estiveram entre nós. Aos poucos, lentamente, sem nenhum alarde, nós mórmons maçons somos descartados com um peão do jogo de xadrez, que em benefício de uma tentativa de xeque mate é sacrificado. Chamado após chamado, designação após designação, tudo aponta para um ostracismo religioso hierárquico involuntário. Neste novo texto a idéia central deverá gira em torno das dúvidas que sintetizo nas perguntas abaixo.

a) Por que você é Maçom?
b) O que acontece dentro das Lojas maçônicas?

Estas duas questões são um convite para que nó mórmons maçons venhamos a refletir sobre quem somos e que tipo de trabalho realizamos em nossas lojas.
Ao falar de trabalho, penso ser primordial que todos tenham a compreensão de que o serviço executado, seja qual for a sua natureza, só se torna eficaz e construtivo quando a pessoa que realiza sabe por que o faz, e quais são suas reais motivações. Partindo desta premissa, é mister que os mórmons maçons se perguntem por que fazemos e qual o sentido daquilo que realizamos em Loja (?).
Já faz algum tempo em que tive a oportunidade de estar presente em um treinamento litúrgico, onde ouvir um dos preletores afirmar: “O ser humano é caracterizado por sua capacidade de fazer perguntas e explorar o significado da vida”. Concluo as falas daquele homem dizendo que este é um forte diferencial entre os seres humanos e os outros animais.
Quando alguém pergunta: “Por que você é Maçom?” Costumo dar uma resposta ritual, por isso, talvez, não faça sentido para alguns, de tão simples a resposta, chega a surpreender: “porque um dia bati na porta do Templo e fui recebido como irmão”, pois, “(...) ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7:8c), não é assim que diz a escritura? Mesmo a resposta não fazendo sentido, se você dedicar um pouco mais de tempo a sua compreensão, verá nesta resposta uma descrição da grande busca da humanidade.
Leí, um antigo líder religioso das Américas, em suas últimas instruções aos seus filhos, disse: “... os homens existem para que tenham alegria (2 Néfi 2:25)”, a busca pela felicidade estar irremediavelmente ligada aos bons atos, afinal, é inconcebível que alguém possa ser feliz sem que realize atos bons. Tomando esta premissa como linha de pensamento, tendo a Maçonaria como um lugar onde se cultiva aquilo que os filósofos antigos chamavam de virtude, posso afirmar que ela é uma das poucas organizações onde se ensina e aprende viver na harmonia da completa tolerância. A muito que já abolimos dentre nós, se é que um dia existiu, o sectarismo político e religioso, afinal, que outra instituição abriga em seu seio homens com ideologias completamente opostas e que convivem em perfeita harmonia? Penso que o Salmo 133, pode muito bem sintetizar meus pensamentos, ele diz: Oh! Quão bom e suave é que os irmãos vivam em união, o texto bíblico deixa claro que nos pensamentos do Salmista Davi, não havia espaço para sectarismo, qualquer que fosse sua forma, a tolerância estar explicita em suas palavras, bem como nas palavras do profeta Joseph Smith quando disse: “Se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a procuraremos (13ª Regras de Fé). Estes dois textos obrigam um verdadeiro cristão a reconhecer nos princípios e ideais maçônicos, virtude que emana do amor e carinho do criador, empurrando para longe dos seus filhos, as formas existentes de sectarismo.
Ao responder: “Por que você é Maçom?” Um mórmon maçom me disse, “o motivo principal, sem dúvida, é porque o potencial da vida secular estar limitado, e também, porque a vida simbolizada pela aquisição de bens materiais não é satisfatória”. Sou Maçom por que a Maçonaria me permite crescer para servir a meu Deus, sou maçom por que preciso crescer em benefício aos seres humanos. Sou Maçom por que a Maçonaria apóia minha fé e meu trabalho como líder religioso que sou. Não posso, nem admitirei que alguém ouse pensar ser proibido a um cristão ser maçom. Os exemplares mórmons maçons em que tenho me espelhado, são todos homens que inspiram o mais profundo sentimento de dever comprido, tanto na Maçonaria quanto n’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Os sectaristas oferecem divisões corporativas e visões concorrentes de vida, divisão entre esquerda e direita, entre católicos e protestantes, entre muçulmanos e judeus, etc. Todas estas divisões constituem a identidade de determinados grupos sociais, mas não são satisfatórias para aqueles que procuram algo mais, demonstram ser insuficientes para que o homem de boa vontade que busca transcender as divisões que separam irmãos em castas indianas.
Alguns entendem que as divisões em algumas espécies de castas são socialmente necessárias para a existência pacífica da vida secular, eu vejo estas divisões como algo maléfico e que deve ser duramente combatido.
A Maçonaria nos oferece a oportunidade de vivermos em completa harmonia, com a religião, independente da fé professada. Na Maçonaria minha opção político partidária, não me afasta de meus irmãos mesmo quando pensamos coisas diferentes.
Felizmente, além da Maçonaria, existe outro local onde a pessoa vale mais que as imposições sociais. Arrisco-me a dizer que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias juntamente com a Maçonaria se apresentam como formas igualitárias de organizações, onde cada um de nós, independentemente de status social e riqueza material acumulada, somos tratados em completa igualdade. Tanto na Maçonaria quanto na Igreja ninguém estar predestinado a eternidade de um trabalho específico, o crescimento é individualizado e acontece de graça em graça, por isso, talvez, alguns se desenvolvam mais que outros, mais antes desta forma de crescimento ser algo ruim, considero justiça. Todos nós somos chamados, cada um em seu tempo, para assumir responsabilidades, que se dividem entre liderar e obedecer.
É através dessa possibilidade, que a Maçonaria nos permite viver e experimentar uma forma de relação horizontal, que é à base da nossa sociedade, por isso um dia bati na porta do templo. Sou Maçom porque não estava satisfeito com o que a vida secular me oferecia, vim por que aqui tenho a oportunidade de somar virtude aos bons princípios adquiridos na Igreja, vim por necessitar trabalhar em mim mesmo utilizando ferramentas simbólicas com o objetivo de melhorar e construir um templo universal para a humanidade.
Penso que já abordamos o suficiente para lhe dar uma noção do por que sou Maçom, agora precisamos conversar sobre “O que acontece dentro de uma Loja Maçônica?” A resposta que apresento é tão simples quanto á própria pergunta: Quando estamos reunidos em nossos templos trabalhamos para “submeter nossa vontade, vencer os vícios e fazer novos progresso na Maçonaria” esta pode muito bem ser definida como a razão ritual para estarmos reunidos dentro de uma Loja maçônica. Talvez a resposta que apresento lhe conduza a uma nova pergunta: O que significa dizer isto? Significa que nós maçons sabemos que temos falhas e deficiências que devem ser corrigidas. Consideramos, portanto, a necessidade de melhorar diariamente em progresso espiral contínuo que tem como centro o amor fraternal que emana do Grande Arquiteto do Universo. Para isso lutamos contra nossas falhas e nos esforçamos para sermos melhores seres humanos. Nesta continua luta nos utilizamos de ferramentas simbólicas que tem como finalidade nosso aperfeiçoamento do eu interior.
O dever de um maçom é meu dever. Fui iniciado Maçom porque o bem nunca luta sozinho, vencer os vício e praticar a virtude em todas as coisas, são práticas que devem ser somadas, “pois quem não é contra nós, é por nós” [Jesus Cristo]. É, também, no templo que um Maçom realiza este trabalho. Para que isto ocorra numa simetria esférica, o Maçom deve ser regular e persistente, em acompanhar os trabalhos da Loja. Embora a freqüência às reuniões seja uma obrigatoriedade, esta freqüência por si só não é suficiente para que um Maçom galgue todos os degraus de uma escada sem fim. Através dos trabalhos que realizamos, cada um de nós deve ser "uma coluna da vida do Templo."
No desenvolvimento de nosso trabalho no interior do templo, trilhamos pela busca incansável da verdade, sendo sempre mais exigente para conosco que com o próximo. Isto significa que, antes de considerar qualquer ação social, nos impomos á disciplina, onde o principal trabalho a ser desenvolvido consiste na lapidação incansável de uma pedra bruta, o objetivo deste trabalho é remover a aspereza, e assim dar a pedra sua forma final. Vivemos em constante luta contra nossas falhas, para que honrosamente possamos ocupar nosso lugar de direito na Loja, e na sociedade.
O grande objetivo não estar em mudar o mundo, mas, sim, mudar a nós mesmos, então esta mudança realizará a mudança que tornará o mundo um lugar melhor para todos. Ser maçom, um irmão disse, “é saber antes de tudo, que para tornar o mundo melhor, precisamos nos transmudar em pessoas melhores”.
Tenho aprendido na Maçonaria que devemos nos esforçar para construir um templo de virtudes a humanidade. Estar implícito, (e explicito), na Constituição de Anderson a afirmativa que diz ser dever do Maçom, trabalhar para a paz e o bem-estar da humanidade. Mas antes de tentar reformar a sociedade, o homem deve promover uma reforma interior até que compreenda a própria mudança. Um dos aspectos desta auto-reforma é aceitar que cada pessoa tem seu valor, as qualidades intrínsecas de cada um, nada tem haver com as diferenças de status social. Devemos compreender que independente de nossa posição social, do patrimônio físico adquirido, somos todos iguais.
Ser Maçom significa estar em busca da luz, que guia o nosso caminho para a verdade. A Maçonaria nos permite saber que para termos um mundo melhor, teremos que trabalhar incansavelmente em nós mesmos. Não digo que esta seja uma verdade exclusiva da Maçonaria, pois já disse em outro texto que a verdade é patrimônio da humanidade. O que afirmo é que também a Maçonaria luta por estes ideais, e se isto é bom, então é louvável, se é louvável devemos buscar.