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MÓRMONS MAÇONS, A BEM DA ORDEM EM GERAL - PARTE II

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com

Desde o momento em que a existência da Maçonaria se tornou domínio publico, nós maçons temos sido vitimas de furiosos vitupérios oriundos de pessoas embriagadas pela filha da irracionalidade, a demência. Muitas das vezes eles se confundem em suas razões, esquecendo-se até mesmo do real motivo de sua fúria. Em meio a estas tempestades comportamentais, em um passado bem longínquo, é possível que algum Maçom tenha sonhado que no futuro a intolerância a Maçonaria seria algo superado.
Hoje, passado os séculos, com a chegada do futuro, a humanidade continua envolta na irracionalidade que preconiza novas eras de intolerância, e isto tão somente só me dar a certeza de que nada mudou. Os pensadores incoerentes ainda desnivelam o fiel da balança, ainda somos obrigados a conviver com pessoas que necessitam da opinião de terceiros para ratificar suas convicções. São estes os indivíduos de quem falo quando afirmo que agem pelo impulso dos pensamentos desordenados. Estas são as pessoas que estão sempre dispostas a acreditar em qualquer bobagem que lhes seja dita, para isto importa apenas que seja feito em nome de Deus. Eles não passam de vitimas da carência de compreensão, já que nada assimilam sobre o sagrado e o belo. Estas pessoas carentes vivem a espera de alguém que lhes diga o que fazer, ou o que pensar, mesmo que as idéias e pensamentos apresentados sejam cópias mal feitas daquilo que um dia foi desvirtuado pelo catolicismo medieval, idéias maquiavélicas que um dia convenceram ao mundo de que a Maçonaria é uma entidade satânica, (...) e assim numa estranha osmose, os aprendizes da iconoclastia exercitam sua arte de desvirtuar tudo aquilo que lhes parece incompreensível.
Infelizes prisioneiros de seus mais íntimos temores. Vivem na escuridão de suas estranhas fobias, aguardando que a qualquer momento a Maçonaria assuma o controle do mundo (sic). Suas ações são dedicadas a incansáveis e inúteis vigílias, onde esperam a consumação de uma realidade só possível em alguma produção cinematográfica de Hollywood.
Fico sensibilizado com a condição de prisioneiros do medo, a que estão submetidos, aqueles a quem popularmente denominam defensores da “teoria da conspiração”. Estes seres desnutridos de coerência e razão, dificilmente serão libertos das masmorras onde se encontram aprisionados. É bem provável que permaneçam cativos de seus medos por toda uma existência, e nesta danosa condição letárgica a que estão voluntariamente submetidos, bradam suas teorias como se estas encerrassem alguma nova verdade revelada. Infelizmente, muitos são os que aderem a suas desconexas idéias, mas, o que realmente me deixa constrangido é saber que eles fazem discípulos até mesmo entre meus irmãos mórmons. Conseguem convencer não só aqueles desprovidos de profundidade doutrinária, mas, até mesmo os mais esclarecidos, e fazem isto com incompreensível facilidade.
É estranho saber que alguns Santos dos Últimos Dias são partidários das idéias anti-maçons, eles deixam até mesmo de notar que as pessoas que encabeçam o combate a Maçonaria, são os mesmos que atacam ferozmente A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Bem poucos são os que estão dispostos a aprender sobre a verdade, a grande maioria prefere dedicar sua busca nos sites e publicações que combatem a milenar fraternidade, mesmo que estes sites sejam os mesmos que acusam A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias de ser uma ferramenta de “Satanás”.
Mas, como toda regra têm suas exceções, esta também terá as suas, uma destas exceções me procurou para conversar, trata-se de uma pessoa por quem tenho grande estima, ele disse ter muitas curiosidades sobre Maçonaria, e desejava elucidá-las, queria saber se eu poderia ajudá-lo, conforme me disse sua intenção era “construir” uma opinião imparcial sobre o assunto.
Sabendo disto, mais que de imediato me dispus a ouvi-lo, eu não poderia perder esta oportunidade. Marcamos um encontro para outro dia, afinal no dia em que nos encontramos era conferência de nossa estaca, e eu não estou disposto a entrar em conflito com meus líderes, além do bom senso me dizer que este não era o local nem dia adequado para este tipo de conversa. No dia marcado e já bastante atrasado, ele chegou, e após o natural quebra gelo, eu falei a ele que gostaria de gravar nossa entrevista, contei que minha intenção era transcrever tudo para o papel, e que posteriormente iria publicar no Blog Mórmons Maçons, meio relutante (...) ele concordou, mas, não, sem antes recomendar que em nenhum momento da escrita seu nome poderia aparecer. Ele disse que temia ter suas palavras compreendidas como apologia a Maçonaria e não era este seu desejo, (eu não acreditei, penso que o medo de represália por parte de algum líder tenha sido o motivo). Por essa razão aqui o identificarei apenas como Senhor X.
Segue agora a transcrição da entrevista, que foi bem longa. Durante todo o tempo falamos sobre muitas coisas, algumas delas não tinham relação com a Maçonaria, por isso foram descartadas.

Senhor X – Dentro de alguns dias será Natal, nada mais justo então do que iniciar por ele. Eu li uma vez que o Presidente Howard W. Hunter disse:”O verdadeiro Natal acontece para aquele que adota Cristo em sua vida como força motivadora, dinâmica e vivificante”, e a Maçonaria o que diz do Natal?

Cesóstre – Alguns já sabem disto, e você saberá agora: Maçonaria não é religião. Ela não se envolve nas questões teologais, inclusive o Natal. A doutrina maçônica deixa que o Maçom resolva qualquer questão relacionada à sua fé, com a religião. Portanto se eu (quando Mórmon) te apresentar uma compreensão religiosa do Natal, esta será a mesma apresentada pelo Presidente Hunter.
Mas se esta compreensão for à luz da história, aí terei algo diferente para falar. Mas antes preciso te dizer que apoio de forma incondicional a todos os meus líderes, e que embora isto seja verdade, não posso deixar de me sentir incomodado com a atenção especial dispensada ao Natal de 25 de dezembro. Penso que todo membro da Igreja sabe, (pelo menos deveria saber), que o nascimento do Senhor Jesus Cristo ocorreu no dia 6 de abril, e por isso ser verdade, tenho muita dificuldade em assimilar o porquê da Igreja dar tanta importância ao 25 de dezembro, chegando até mudar nossa rotina diária. Essa atenção especial pode deixar na cabeça do desavisado a impressão de que o temor por represálias do catolicismo, e/ou protestantismo, conduzem a Igreja a menos valorizar o verdadeiro Natal.
Confesso que tenho dificuldade em assimilar certas coisas, por exemplo: como eu, sendo um Santo dos Últimos Dias, alguém que conhece a verdade restaurada, sabedor que Jesus Cristo nasceu no dia 6 de abril, tenha que aceitar mudar nossa rotina em função do dia 25 de dezembro, sob a falsa alegação de estar comemorando o nascimento de Jesus Cristo? Tenho aprendido através de rebuscadas pesquisas que o Senhor Jesus Cristo não poderia ter nascido no dia 25 de dezembro, e que na sua origem, esta festa de Natal nem mesmo é cristã (salve Mitra que nos deu o natal), eu pergunto: estaria a Igreja do Salvador reverenciando-O em uma data profana, que inclusive em sua origem nada tem haver com Ele?
A história é irremediavelmente convicta quando afirma que, conforme o contexto bíblico, é impossível o nascimento do Senhor Jesus Cristo ter acontecido no mês de dezembro, uma vez que os registros colocam os pastores cuidando de suas ovelhas no campo, no momento da natividade. Fato este impossível de acontecer, pois neste período do ano o inverno da Judéia (... onde cristo nasceu – Hinário SUD – nº 123) é mortalmente lacerante em função do frio.
Ninguém precisa disputar com Heródoto o título de pai da história para saber que as origens da comemoração do Natal no dia 25 de dezembro são todas pagãs. Os registros dizem que foi somente no ano 350 d.C, que esta festa (aos olhos do cristianismo) pagã, foi transformada na maior comemoração da cristandade. Os méritos desta confusão não pertencem ao menino Jesus, mas sim ao Papa Júlio I que numa brilhante estratégia de marketing político religioso enxertou esta festa pagã no mais sagrado coração do cristianismo. Esta decisão nada teve haver com o Senhor Jesus Cristo, ou sua doutrina, foi apenas uma disputa de poder entre os homens. A idéia foi apresentar aos pagãos uma nova opção religiosa, seria hoje como se alguém lhe dissesse: Agora você pode ser cristão, nós também comemoramos o dia 8 de abril (nascimento de Buda).

P.S – Não entendam os budistas, a referencia que fiz a Siddharta Gautama, como idéia pejorativa, respeito sua crença, o fiz apenas para que os cristãos entendam melhor meu pensamento.

Senhor XAlgumas pessoas dizem que existem semelhanças entre as ordenanças sagradas do Templo e os rituais da Maçonaria, procede esta informação?

Cesóstre – Sim, as semelhanças existem, mas não permita que esta informação mine sua fé. A intenção de alguns quando apontam as “semelhanças” é provar que Joseph Smith foi um charlatão, eles pensam que provando a existência destas similaridades, também podem provar que Joseph apenas copiou os rituais da Maçonaria, e com isto acreditam desacreditá-lo como profeta.
Em meu livro “Os Mórmons e a Maçonaria” eu trato de forma bem detalhada da existência destas semelhanças, como o assunto é muito extenso, não posso te explicar de forma satisfatória com apenas duas ou três palavras, meu aconselho é que leia o livro, para que possa entender todo o contexto.

Senhor XNa entrevista para receber recomendação para o Templo, é perguntado se “você participa ou estar associado a alguma organização que ensina ou pratica algo que seja contrário aos ensinamentos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias?” Como você responde a esta pergunta?

Cesóstre – Minha resposta sempre foi, e será, NÃO. Pois não existe na Maçonaria nada que contradiga a sagrada doutrina do Senhor Jesus Cristo. Pense comigo: você acha que se houvesse algo na Maçonaria que fosse contrário as doutrinas do Salvador teríamos cinco profetas iniciados, além de vários apóstolos, setentas, etc. (?)

Senhor XSempre que alguém fala de Maçonaria a história dos segredos aparecem logo atrás. Dizem que um Maçom morre antes de os revelar, eu te pergunto: que segredo é este?

Cesóstre – Você quer que eu morra? (risos).
É verdade, existe um segredo, na verdade são vários. (Parece que falar isto provocou mais curiosidade no Senhor X, ele gesticulou algo como se estivesse a dizer... Prossiga).

Vê-lo ansioso me fez pensar que eu havia entrado num beco sem saída, agora precisava encontrar uma porta para não desanima-lo.
Após pensar por alguns momentos, esperando que em meu socorro, acontecesse uma manifestação epifânica, que, lógico, não veio. Perguntei ao Senhor X se ele daria uma navalha de barbear para uma criança brincar?

Senhor XNão vejo nenhuma relação entre minha pergunta e sua resposta, mas como penso que você estar a se enrolar... Responderei. (sorriso descontraído).
Não, eu não faria isso. A pessoa que fizer isto, se é que alguém tem coragem de fazer, é extremamente irresponsável, e eu não sou.

Cesóstre – Com certeza você sabe que o Senhor Jesus Cristo, nosso maior exemplo, também guardou alguns segredos relativos sua doutrina, afinal o que eram as parábolas, se não uma forma de restringir a um determinado grupo seu ensinamento?
A explicação que encontramos nos manuais para esta prática doutrinária, é que nem todos os discípulos que o seguiam, se encontravam no mesmo nível de preparação para assimilar seus ensinamentos. Razão pela qual somente os 12 Apóstolos foram agraciados com a plenitude dos mistérios. Entenda que compartilhar certas verdades com aqueles que não estão preparados para ouvi-las, é a mesma coisa que entregar navalhas para uma criança brincar, com certeza ela sairá muito machucada. Esta é a razão pela qual somos tão sigilosos quanto a Maçonaria.

Senhor X - Então o que devo fazer para estar qualificado a saber quais os segredos da Maçonaria?

Cesóstre – Antes de tudo, você precisa provar que deseja obtê-los, precisa dar garantias de que poderá mantê-los em sigilo, então, e só então, os segredos te serão revelados... lentamente.

Senhor XQuer dizer que eu tenho que provar que mereço ser Maçom?

Cesóstre – Certamente que sim. A Maçonaria não abrirá suas portas (para um candidato) até que prove estar disposto a fazer o necessário para adquirir tesouros inimagináveis. Ninguém encontra um diamante a céu aberto (a não ser em ocasiões excepcionais), eles estão enterrados, e algumas vezes sob grandes montanhas de pedras e barro, e se você o desejar, terá que demonstrar ser merecedor. É preciso dedicar parte do tempo, dinheiro e energia para que fique provado que realmente o candidato merece o privilégio.

Chegamos ao final da entrevista, foi quando entreguei ao Senhor X uma proposta de iniciação. Não sei se ele a preencherá, mas estou contente comigo mesmo, penso que fui feliz em minhas respostas. Talvez ele nunca venha a ser iniciado, mas, agora ele sabe (pela fonte) um pouco mais sobre Maçonaria.

A BEM DA ORDEM EM GERAL


Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


(...) Eu também pensei que o texto “Mórmons Maçons, O Último Réquiem” (OLIVEIRA, Cesóstre Guimarães de. Mórmons Maçons – O útimo réquiem. Disponível em: www.mormonsmacons.blogspot.com. Acesso em: 15/11/2010.) fosse o fim, mas não foi, eu voltei. Devo este retorno a um e-mail que me foi enviado por alguém que se auto-intitula “Santo dos Últimos Dias ofendido”, como não fui autorizado a citá-lo, em nenhuma parte deste trabalho seu nome aparecerá, mas é certo que ele se diz ofendido com minhas afirmações, e lança farpas contra a Maçonaria em um e-mail de quase três páginas A4, oportunidade em que aborda várias de minhas afirmações relativas á Maçonaria. Em meio a tantas criticas rancorosas, que ainda busco entender a razão, o que mais me surpreendeu foi ler que sua fonte de pesquisa é o livro “MAÇONARIA – DO OUTRO LADO DA LUZ” (Maçonaria – do outro lado da luz. 1. ed. São José dos Campos (SP) : CLC Editora, 1995). Após ler e reler seu e-mail várias vezes pude concluir que ele não se aprofundou em sua pesquisa, pois se tivesse lido o livro por completo, (eu li), teria notado que o autor por ele tão valorizado, neste mesmo compêndio (sic) faz perversas e irascíveis criticas a doutrina Mórmon. Como pode ele, um Mórmon, na defesa de seus pensamentos respaldar suas afirmações nas idéias daquele que nos combate? Caro amigo até mesmo para criticar precisamos estar respaldados em fontes confiáveis. Dentre as aberrações despejadas por ele, destaco a afirmação que considero mais leviana dentre todas, ele diz: “não acredito que você tenha fé e testemunho no evangelho restaurado, pois se tivesse, jamais teria se envolvido com esta trama diabólica chamada Maçonaria”. Parei por um momento e pensei... as férias acabaram!
Desde minha primeira publicação tenho recebido vários e-mails de Mórmons que são contrários a relação Mórmons Maçons, mas nenhum foi tão agressivo e pejorativo quanto este irmão. Para ele a Maçonaria é um mal que deve ser combatido, qualquer aproximação de um Mórmon com a Maçonaria é sinal de apostasia”. Ele entende que a “passagem” de nossos primeiros líderes pela Maçonaria é justificada por uma razão que considera justa, (embora ele não tenha me dito qual foi esta razão justa), e que hoje nada justifica um membro da Igreja ser Maçom.
Diante do exposto, eu pergunto aos meus leitores, poderia eu continuar em silencio? Seria esta uma boa justificativa para que eu retorne ao blog? Não pude, nem posso ficar calado, a omissão não encontra encaixe em meu auto-retrato, por isso voltei, estou de volta para responder a este irmão, voltei para tentar, (embora eu mesmo acredite que não conseguirei), convencê-lo de que estar errado.
Penso que meu critico irmão antes de uma manifestação tão severa deveria se aprofundar na história da Igreja. Pois só fazendo isto descobrirá que aqueles que hoje enumera como inimigos do mormonismo, um dia foram vistos por nossos líderes como amigos. Seria bom que também aprofundasse sua pesquisa na história da Maçonaria, pois só assim descobrirá que ela é uma grande parceira das religiões, e por ser, limita-se a observar, sem evasivas tentativas de interferências em suas rotinas. Quem sabe se fizer isto não descobrirá que a Maçonaria quando instituição tem a preocupação de deixar a encargo do iniciado a decisão sobre a qual religião se reportar? É certo que após iniciado, o individuo é incentivado a desenvolver mais ainda uma relação de fidelidade para com a religião escolhida. E se por qualquer razão, o Maçom, resolver abandonar sua crença, ou decidir por dar nova direção a sua forma de crê, e conservar a essência da fé que nos liga ao Grande Arquiteto do Universo, não correrá nenhum risco de exclusão da fraternidade. Se meu irmão for um pesquisador atento (infelizmente não é) notará que a liberdade de culto que goza o Maçom nos concede a certeza de que a Maçonaria não é uma religião, mas infelizmente até mesmo esta compreensão é distorcida pelo raquitismo de alguns. Dentre tanto pesar, o maior de todos vem do saber que até mesmo entre meus irmãos mórmons existem aqueles que voluntariamente difundem as idéias distorcidas que nos rotulam de entidade religiosa pagã, eles ignoram que a milenar fraternidade é uma fonte continua e inesgotável de proteção para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, já que neste universo de preconceitos e estigmas, tudo que foge ao padrão estabelecido é uma deformidade que deve ser combatida. Diante deste contexto, é mister que aquele que almeja ser agraciado com a iniciação maçônica saiba que é condição inalienável, a manifestação de fé no Ser Supremo, e isto independe da religião do candidato. Esta é uma condição não negociável, é primordial para que, sequer o candidato tenha seu nome analisado. Porém, além da manifestação religiosa, existem outros princípios que são relevantes, como por exemplo: não se pode ignorar que a Maçonaria é uma fraternidade que existe pela constante necessidade de busca da verdade. Acredito que todos saibam que a Maçonaria encoraja seus membros a manterem-se nos mais elevados padrões de moralidade, além de zelar para que nos conservemos dentro de parâmetros de honestidade.
Infelizmente, mesmo primando por padrões tão elevados, temos aqueles que não são bons exemplos de cidadãos. Espero que não estejam surpresos por lhes dizer isso, assim como também espero que entendam que existe uma imensurável distancia entre reconhecer que eles existem, e culpar a Maçonaria por suas existências. Seria o mesmo que responsabilizar A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias pelos membros que envergonham nossa fé. A bem da verdade é necessário que seja dito os maus participes estão em todos os lugares, em todos os credos religiosos, ou será que você pensa que todos os mórmons se encontram no mesmo patamar de moral e honra? Não se deve cometer a infâmia de se responsabilizar a Maçonaria pelas ações duvidosas de um, ou outro Maçom, pois se eu estiver errado nestas afirmações todas as organizações sociais, podendo ser elas religiosas ou não, são culpadas das mazelas do ser humano. Pois se a instituição for responsabilizada pelas ações do individuo, que após devidamente instruído, faz sua opção pelo errado, o que impedirá o mundo de nivelar todos os mórmons pelas estaturas dos apostatas? Meus irmãos (mórmons), já passou da hora, deveis cessar as manifestações de intolerância contra a milenar fraternidade.
Todas as vezes que tenho lido ou ouvido os argumentos de um membro da Igreja que expressa sua repugnância pela Maçonaria, me sinto motivado a continuar escrevendo sobre este tema. É preciso elevar meus irmãos mórmons a condição de homens livres dos pensamentos nebulosos, que cirandam suas mentes (não todos). É preciso ajudá-los a esquecerem-se das fábulas infantis onde o bicho papão é a Maçonaria, estes meus irmãos que ainda são escravos destes vis temores precisam entender que estes são pensamentos e interpretações herdados do catolicismo medieval, quando o poder do Papa era absoluto, inclusive ditando regras quanto às crenças das pessoas. É inadmissível ponderar que existem pessoas na Igreja alicerçando suas convicções nas crenças daqueles que um dia desvirtuaram a verdadeira fé.
O pseudo-iconoclasta que cito no início deste texto em um dos parágrafos de seu e-mail diz: “Vocês [os maçons] são os verdadeiros culpado pelo medo ou aversão que as pessoas têm da Maçonaria, pois se vocês abrissem suas portas, se permitissem que as pessoas assistissem seus trabalhos não haveria mais o que argumentar”. Estas palavras podem parecer um sinal de boa vontade, mais não se iludam, não é. O desejo dele é mais uma vez tentar tornar a Maçonaria culpada pelos erros de outrem. Mas apenas para que eu posso formar uma linha de raciocínio, digamos que ele esteja certo, aceitemos que a Maçonaria deveria escancarar suas portas. Eu vos pergunto se esta regra também poderá ser aplicada a Igreja? Deveria a Igreja proceder da mesma forma, e abrir as portas sagradas do templo aos olhares profanos? Seria esta a solução que iria minorar as críticas desferidas contra os Templos Sagrados do Senhor Jesus Cristo? Claro que não, esta não é a solução. Escancarar as portas das Lojas maçônicas, ou as portas dos Templos não aplacará a ira dos críticos. Mesmo que a Maçonaria ou a Igreja abra profanamente suas portas, ainda assim teremos ferozes e implacáveis críticos a nos combater. Não somos combatidos por que somos sigilosos, somos combatidos por que os críticos não entendem o caráter sagrado do Templo, e o caráter sigiloso da Maçonaria. Eles não entendem que ambos estão limitados a um grupo de iniciados, apenas por que o sagrado e o sigiloso precisam ser protegidos dos olhares curiosos dos profanadores que a tudo adulteram. Não podemos permitir que o homem pedra bruta, tenha acesso a arvore do conhecimento do bem e do mal. Pois mesmo que lhes fosse permitido adentrar a nossos rituais, ainda assim, estes indivíduos veriam nos rituais maçônicos e nos rituais dos templos mórmons a realização de “pactos malignos”. O sigilo do Templo (Mórmon) e do Templo (Maçom) conduz o desafortunado de conhecimento por um estreito corredor que lhe priva da visão só concedida aos iniciados, esta cegueira de conhecimento em que estão envolvidos é a responsável por eles enxergarem na Igreja e na Maçonaria duas seitas secretas.
Alerto aos meus irmãos mórmons que antes de se deixarem contaminar pelas “teorias ignóbeis”, direcionem seus olhares ao passado e procurem entender esta relação que algumas vezes só é repudiada por que alguém precisa se justificar perante as idéias do catolicismo e do protestantismo contemporâneo. É graças aos temores destes prisioneiros do quarto do pânico, que nas fornalhas dos temores medievais, nascem os bichos papões que não passam de demônios irreais, que existem e vivem apenas nas mentes das crianças amedrontadas e/ou nas cabeças das pessoas desinformadas. Quantas vezes teremos que proclamar ao mundo que a Maçonaria não é religião? Algumas vezes me sinto como um pianista que excuta sua arte em um piano de uma só tecla, sempre repetindo a mesma nota para um público que não deseja escutar. Mas mesmo não querendo nos ouvir, as pessoas precisam ser ensinadas, ser Mórmon Maçom é um privilégio que se desdobra em responsabilidade continua. Por isso entendo que para um Mórmon Maçom é condição irrevogável, zelar para que a doutrina Maçônica exista numa condição de paralelismo ao mormonismo, tomando como referencia os bons costumes conforme é proposto pela doutrina da Igreja. É de extrema importância que saibam que mesmo após iniciado, um Mórmon continua livre para viver e praticar as sagradas doutrinas da Igreja. Tendo como diferencial a certeza de que a liberdade que emana da Maçonaria é uma novidade de vida que estar em perfeita harmonia com as doutrinas do Evangelho Restaurado, fazendo com que esta harmonia torne improcedente qualquer acusação de incompatibilidade entre a Maçonaria e nossas designações como membros da Igreja. O membro da Igreja que acusa a Maçonaria de ser religião exorbita o mais extremo ponto da verdade e da coerência, pois ao fazer tal acusação como ele justificará nossos profetas Mórmons Maçons. Fiquem tranquilos, não existe nada dentro do contexto maçônico que conduza o crente por caminhos que o afaste de sua crença, e até mesmo como pode ser a Maçonaria uma religião se as discussões teológicas nos são proibidas?
Eu quando um Mórmon, me sinto plenamente confortável em ser Maçom, pois é na Maçonaria que reconheço o exemplo de uma organização livre das paixões sectárias, livre dos sentimentos desagregadores que tanto mal fazem a humanidade. Considero um desafio tentar encontrar alguma outra organização onde seja possível reunir dentro do mesmo local de reunião, no mesmo momento, os seguidores de diversas vertentes da religião e da política, sem que eles, depois do primeiro minuto de debate passem a se tratar como inimigos, alegando para isto, que agem em defesa da perfeita fé. O que me tranqüiliza como Maçom, é saber que onde estiver um de nós, ali também vai estar uma lei imutável e eterna, que nos proíbe de participar das discussões sectárias. A razão pela qual estamos tão preocupados com isto, são as lembranças de que os sentimentos sectários por toda a história do homem foram os divisores de nações, de povos, de amizades. A harmoniosa paz que a Maçonaria promove entre os seus, é objeto de desejo não atingido por todos aqueles que não compreendem que a Maçonaria é preconizadora destas virtudes.
Desafio a quem quer que seja a apontar uma única organização, além da Maçonaria, que por mais que se esforce, consiga reunir em perfeita harmonia, pessoas provenientes de vários seguimentos culturais e religiosos, onde cada um é implacável defensor de suas crenças, e de suas opções políticas, e mesmo assim, permaneçam harmonizados tornando suas diferenças em simples detalhe que deve ficar a margem de suas relações de amizade e boa vontade. A discórdia e a inimizade, aparentemente, são características exclusivas do homo sapiens. Em nome de Deus o homem tem matado seu próximo, abandonado seu lar, deixado para trás seu cônjuge e filhos, e mesmo este sentimento sendo tão forte, na Maçonaria ele foi superado pelo respeito às diferenças religiosas.
Antes que meu irmão passe a traçar um perfil distorcido de minha personalidade, antes que pense haver encontrado em minhas palavras o motivo que buscava para me lançar na “santa fogueira da inquisição”, esclareço que quando apresento a religião como origem de desarmonia, minha intenção não é dizer que a religião é culpada dos pecados dos seus participes, mas sim, dizer que o sectarismo manifesto na fé de alguns é o culpado de tudo. Uma pena que somente a Maçonaria tenha conseguido tornar irmãos, o judeu, o mulçumano, o protestante, o católico, o Mórmon, o budista (etc.), tendo como premio a todos, beber da mesma taça sagrada, e mesmo divergindo na fé, abraçam-se como verdadeiros irmãos que são.
Receio pela forma que minhas palavras serão recebidas, não gostaria de perder mais do que já tenho sido privado, mas espero que meu leitor não esqueça em seus julgamentos que sou um Santo dos Últimos Dias (Mórmon) convicto das verdades que preconizamos como eternas, que compreenda que não escrevo para combater a Igreja, pelo contrário, sou seu incondicional defensor, além de ser convicto da fé que professo, ao escrever, o faço com o intuito de combater os sentimentos nebulosos que conduzem o homem ao caos. A antipatia que membros da Igreja, igual ao que me refiro no inicio do texto, demonstram pela Maçonaria é a mais pura demonstração de incoerência irracional. Como pode uma organização que de forma brilhante, tem agido em prol da humanidade, ser tratada com tanta manifestação de intolerância (?). A história é verdadeira quando retrata a Maçonaria como vitima dos vitupérios infligidos a nós maçons, por pessoas que tudo que sabem sobre nós é o que foi dito por terceiros. As mesmas fontes históricas também registram que quando o assunto discutido pelos religiosos anti-maçons são suas práticas doutrinárias, eles nunca conseguem harmonizar seus pontos de vista. Mas se a discussão se concentra na Maçonaria, eles não necessitam fazer nenhum esforço para harmonizar seus pontos de vista. A antipatia que demonstram pela Maçonaria é tão incompreensível e manipulada que ironicamente rompe as barreiras do sectarismo. Por vários anos tenho me dedicado a minha fé e a Maçonaria, e durante estes anos, nunca houve um dia em que eu tenha me arrependido de pertencer tanto a uma quanto à outra organização, cada uma delas tem seu próprio espaço, e uma não tenta anular a outra.
Para finalizar minha fala deixo aos meus irmãos mórmons maçons a recomendação de que continuem a trilhar sua estrada sem fim, nós somos os privilegiados, e por sermos, devemos nos esforçar para desempenhar com fidelidade inquestionável nossas atividades na Igreja, é nosso direito, é nosso dever. Devemos nós, mais que qualquer outro, participar das reuniões da igreja, exercitar nossa fé, nos esforçar para manter pura nossa relação com a família e os amigos. Pois somente desta forma a Maçonaria e A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias continuarão a ser compatíveis. Parafraseando **Martin Luther King eu digo: “Eu tenho um sonho...” de que um dia todos os mórmons compreenderão a importância da Maçonaria para o Evangelho Restaurado.


*A Constituição de Anderson - 1723 - é considerada o principal documento e a base legal da Maçonaria Especulativa e que aos poucos foi substituindo os preceitos tradicionais que até então regulavam as atividades da Maçonaria Operativa.

** O Dr. Martin Luther King, Jr (15 de janeiro de 1929, Atlanta, Georgia – 4 de abril de 1968. Memphis, Tennesee) foi um pastor e ativista político estadunidense. Pertencente a Igreja Batista, tornou-se um dos mais importantes líderes pelo ativismo dos direitos civis nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência de amor para com o próximo. Torno-se a pessoa mais jovem a receber o Premio Nobel da Paz em 1964, pouco antes de seu assassinato. Seu discurso mais famoso e lembrado é “Eu tenho um sonho” (Extraído da Wikipédia em 22 de novembro de 2010).

MÓRMONS MAÇONS, O ÚLTIMO RÉQUIEM

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que já se passou.

(Eclesiastes 3:1;15)


Como diz a escritura acima tudo tem um tempo determinado (para acabar), e já faz um tempo que tenho pensado haver chegado a hora final do blog. Quando iniciei o blog minha proposta era apenas dissertar sobre a relação mórmons maçons, tomei esta iniciativa por entender que o assunto quando abordado, era feito de forma leviana, negando-lhe a devida importância que o tema merece.
Antes de iniciar a digitação deste texto ponderei sobre como ou o que falaria, então resolvi que deveria finalizar aqui a trajetória do Mórmons Maçons. Apenas havia iniciado a digitação quando me veio à mente alguns questionamentos, eu, “cá com meus botões”, pensei: Será mesmo este, o último réquiem do Mórmons Maçons, não seria melhor adiar esta data? E se eu continuar escrevendo, devo dar novos rumos ao blog?
A idéia de finalizar (parar de atualizar) o blog não é algo que me ocorreu neste momento, já faz algum tempo que venho maturando esta idéia. Quando concluir e publiquei o texto “A Maçonaria e o Bando de Gandiânton” meu plano era aposentar a pena nesta ocasião. Naquele momento pensei em simplesmente parar, sem nenhuma despedida ou qualquer coisa que desse a idéia de prestação de contas, simplesmente cessaria a escrita, porém, antes de publicar o texto, eu o mostrei a um nobre irmão, e lhe disse: “... penso que chegou a hora d’eu finalizar as atualizações no blog”. Sem esboçar nenhuma reação, de forma tácita, igual a um monge budista que busca o nirvana, ele leu o texto que eu havia lhe entregue, posou seu olhar por alguns segundos em mim, e disse: “Finalize teu trabalho com “chave de ouro”, saia pela porta da frente, escreva um último texto, e que neste explicite tua intenção”.
Então seguindo os conselhos de meu ocasional conselheiro fiz nascer este texto... mesmo não me sendo simpática a idéia de descontinuar (atualizando) o blog Mórmons Maçons, e mesmo sabendo que ainda têm muito a ser dito relativo esta relação. Acredito que o já exposto é suficiente para esclarecer, (o que para alguns), se tornou em uma verdade inconveniente.
Quando escrevi "Os Construtores de Templos – Os Mórmons e a Maçonaria”, confesso a vocês que eu não tinha real compreensão de onde isto me levaria, mas graças ao livro, fui privilegiado com muitos (novos) amigos. Ninguém ficou tão surpreso quanto eu, pelas proporções que considero astronômicas, atingidas pelo livro. Em função deste acontecimento foi que decidi dar continuidade ao trabalho. A principio a idéia era expor meus pensamentos em um blog.
Quando dei inicio ao projeto “Blog Mórmons Maçons” meu termômetro foram os e-mails que passei a receber diariamente, a quantidade recebida superou a tudo que eu havia imaginado, só explicado por uma fantástica e desconhecida progressão geométrica. Minha rotina a cada dia era abrilhantada pela leitura e respostas de 200 a 300 e-mails/dia, (excluindo os spams), eu tive meu momento de celebridade (risos). Hoje ainda sou privilegiado, pois a cada dia belíssimos e instrutivos e-mails são direcionados a minha caixa postal, embora a proporção tenha diminuido até chegar ao que considero normal, ficando resumidos a apenas 10 a 15% daquilo que foi o apogeu do blog. Lembro que nas correspondências recebidas, algumas vezes as manifestações eram de apoio, e outras..., nem tanto.
Sempre tive comigo a preocupação, de que, independente do remetente, ou do teor de cada e-mail responder satisfatoriamente a todos, sei que nem sempre respondi a altura das expectativas de meus leitores, algumas vezes falhei neste intento, mas tentei, para mim isto conta muito. O simples ato de ler cada correspondência se tornou um gratificante e prazeroso labor diário. Mas, mesmo tendo meu trabalho reconhecido por parte dos que me escrevem, meus mais nobres sentimentos vêm do saber que fiz minha parte, fiz o que devia ter sido feito, e sem nenhum constrangimento ou arrependimento repetiria tudo novamente, talvez a única tentativa de mudança fosse corrigir alguns erros provocados por minha falta de intimidade com nosso belo e difícil idioma, mais em contexto geral, conservaria a essência.
Agora que lhes apresento “o último réquiem”, faço-o pleno do sentimento de dever cumprido, e isto para mim é gratificante. O sentimento me é agradável, sei que ajudei a esclarecer meus irmãos mórmons sobre a verdade que grita fatiloqüente, como se fosse da terra; e sua fala [sempre] sussurrará desde o pó (II Néfi 26: 14-17).
Não tenho pretensões exageradas, jamais pensei que com meus textos liquidaria todas as dúvidas relativas ao tema que escolhi abordar, penso que zerar todas as dúvidas é um feito inimaginável. Caso alguém tenha pretensões em zerar todas as dúvidas existentes concernentes este tema, aviso que este é um esforço só comparável ao desenvolvido por Hercules, que na mitologia grega, teve como um de seus maiores atos separar a África da Ásia. Sem medo das criticas, afirmo que meu propósito foi alcançado, realizei com sucesso o trabalho que me predispus a realizar, e por entender que atingir meus objetivos, estou satisfeito comigo.
Contrariando os pensamentos de alguém que um dia me criticou, tenho plena convicção de que meu trabalho não pode ser considerado medíocre, ele tem seu valor, hoje já se discute a relação da Igreja com a Maçonaria, muitos que desconheciam esta relação saíram das trevas para a luz. Escrevi o que precisava ser escrito, e se o fiz, foi por que alguém teria que fazê-lo, quando digo isto tenho meus pensamentos voltados para uma frase do presidente Spencer W. Kimball que diz: “Precisamos alargar nossos passos e devemos fazê-lo agora”. Considero-me exageradamente privilegiado por ter tido a oportunidade de expor meus pensamentos de forma tão alargada. Porém, infelizmente, mesmo que dure muito tempo a soma das criticas será superior a soma dos afagos, e nesta desconcertante contabilidade de pensamentos e compreensões, meu saldo será os textos que permanecerão expostos no blog. Mesmo sem atualização o blog continuará cumprindo junto aos meus irmãos Mórmons a sua primeira função que é declarar publicamente o que a Maçonaria representou e ainda representa para nós, (...) e isto também me preenche de sentimento inefável.
Neste, que é meu último réquiem, faço um convite aos preconceituosos, aos ignorantes, àqueles que preferem viver nas trevas da ignorância, à caminhar para luz..., revejam seus conceitos, pois afinal, como alguém poderá julgar os mórmons maçons da atualidade sem que seus julgamentos negativos respinguem nos mórmons maçons do passado?
Sinceramente desejo que o preconceito seja vencido, espero que a luz do conhecimento e da verdade em algum momento venha a dissipar as trevas da epistemofobia, e que mesmo não se interessando pela Maçonaria, o membro da Igreja saiba com convicção que não há impedimentos ao Mórmon que deseja ser Maçom. Aos consumidos pelo zelo (irracional e incoerente), deixo ainda mais este esclarecimento: “a Maçonaria não realiza os rituais sagrados do templo de Deus, na verdade se o maçom não for um mórmon digno, ele jamais tomará conhecimento da existência dos mesmos”, não se deixe enganar pela forma grafada de nossos símbolos, pois além desta semelhança, nenhuma outra existe, comprovo isto quando comparo os significados do esquadro e do compasso dentro da Maçonaria e dentro do Templo Mórmon. Desconfie daqueles que afirmam ser a Maçonaria praticante de um ritual religioso, pois se você investigar as razões pelas quais alguém afirma isto, facilmente irá descobrir que não existe nenhuma nobreza em suas palavras.
Para que não haja dúvidas, nesta que pretendo ser a ultima vez, explico: realmente a Maçonaria esteve presente no templo de Salomão, nós fomos seus construtores, mas, os rituais que lá foram praticados pelos antigos maçons, não referendam a doutrina sagrada do templo. É possível que exista uma ou outra semelhança entre as tradições culturais do judaísmo e a Maçonaria, mais este contexto se aplica também a várias outras etnias. Se alguém pretende comparar a Maçonaria com a doutrina sagrada do Templo, este alguém não deve esquecer que todos os rituais praticados pelos judeus no interior de seus templos, eram parte da religião que professavam, e conforme aprendemos em outra ocasião, a maçonaria não tem nenhuma pretensão em ser ou se tornar religião.
Nos vários e-mails que recebo de meus irmãos mórmons uma indesejável constante tem se manifestado, é impossível não notar o temor que alguns demonstram ter pela simples possibilidade de haver alguma similaridade entre os rituais do Templo mórmon e os rituais da Maçonaria, mesmo que estas semelhanças sejam remotas. Essas pessoas são constantemente vitimas do achismo de alguns “catedráticos” em assuntos maçônicos, mesmo sem nunca terem lido ou sido instruídos através de nossos rituais. Os achadores de plantão tem ensinado que o profeta Joseph Smith Junior só aceitou ser iniciado Maçom por que precisava resgatar velhos rituais que se haviam perdidos, e que de alguma forma foram conservados pela Maçonaria. Sobre isto, o que tenho dito é: “esta é a maior bobagem que já foi dito sobre o assunto”. A doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não é uma “invenção” moderna, os rituais do templo são os mesmos que foram ensinados a Adão, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Salomão, João Batista, Pedro, Tiago e João. A Maçonaria em momento algum de sua história reivindicou a autoria dos rituais do Templo, a única reivindicação da fraternidade é sua antiguidade milenar. E esta antiguidade torna a Maçonaria em sua forma ritual um depositário eclético dos ensinamentos herméticos de muitas idades, culturas e tradições.
Existimos a mais tempo que alguém possa contar, e mesmo tendo vários pesquisadores apontando datas e locais do nascimento da Maçonaria, a falta de consenso atesta que eles estão equivocados. Na verdade a origem da Maçonaria é desconhecida até mesmo para o maçom mais dedicado à pesquisa.
Se existe semelhanças entre as duas fraternidades, estas semelhanças são explicadas por minha humilde compreensão de Santo dos Últimos Dias, ouso afirmar que as ordenanças do templo são tão antigas quanto à própria humanidade, e estas ordenanças foram corrompidas ou esquecidas pelos homens, e por isso precisaram passar pela laminas da restauração, o profeta de Deus Joseph Smith Junior necessitava de uma linguagem de fácil compreensão para que tudo, após a restauração, fosse facilmente assimilado pelos homens e mulheres, embora minha fé determine que o profeta Joseph Smith Junior não tenha copiado a Maçonaria no que tange seus rituais, aceito que ele tenha utilizado sua forma de apresentar um pensamento, e isto, não o invalida como mensageiro de Deus, nem torna a mensagem menos divina que ela é.
Aos meus irmãos de fé, afirmo na forma mais enfática da expressão, em se tratando de Maçonaria, não existe nada que venha abalar a fé de um Mórmon, caso deseje ser iniciado. Qualquer membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que tenha sua fé divinamente alicerçada no Senhor Jesus Cristo, pode tranquilamente transpor os umbrais da Maçonaria sem que sua fé seja abalada.
Ao ser iniciado Maçom, um Santo dos Últimos Dias descobrirá que a Maçonaria não passa de um grande depósito de verdades, talvez este seja nosso maior e mais bem guardado segredo. Porém, aquele que não tem fé, que busca desculpas para justificar sua debilidade, este encontrará na milenar fraternidade apenas uma corruptora dos sinais e símbolos sagrados do Templo, a eles digo: fuja da Maçonaria, afaste-se de nós, não o queremos conosco, pois para sua fé, talvez este seja o FIM.

UMA REFLEXÃO MÓRMON MAÇOM

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com
        “Um maçom é obrigado a obedecer à lei moral e, se compreender bem a Arte, nunca será um ateu estúpido, nem libertino irreligioso. De todos os homens, deve ser o que melhor compreende que Deus enxerga de maneira diferente do homem, pois o homem vê a aparência externa, ao passo que Deus vê o coração. Seja qual for a religião de um homem, ou sua forma de adorar, ele não será excluído da Ordem, se acreditar no glorioso Arquiteto do Céu e da Terra e se praticar os sagrados deveres da moral...." (Manual do Rito Moderno - Editora A Gazeta Maçônica – 1991 - José Castellani)
      Ao meu irmão Mórmon que se aventurar por entre estas linhas, se estiver deveras atento a leitura, não terei dúvida alguma em afirmar que sem muito esforço, ao final do texto, mais uma vez concluirá que os rituais da Maçonaria não são impedimentos ao Santo dos Últimos Dias fiel e digno que deseje ser iniciado Maçom. Receoso de estar beirando a redundância, volto a afirmar que ninguém terá que ser iniciado Maçom afim de que saiba que na Maçonaria a crença em uma divindade é exigência inalterável. Quem já pesquisou, um mínimo que seja, sobre nós, sabe que é fato irrefutável, que a Maçonaria regular não faz concessões a ateus objetivando recebê-los entre nós.
      Tenho observado algo interessante nos críticos, (tanto mórmons quanto não mórmons), da Maçonaria. Alguns destes (críticos) que não são mórmons, de forma sistemática tem lançado suas lanças envenenadas também contra a “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”, desconcertado observo que neste momento alguns de meus irmãos mórmons têm lhes dado crédito. Muitos insistem em ignorar que a Maçonaria é uma fraternidade que estar em constante busca da verdade, que tem como lema encorajar seus membros ao respeito mútuo, visando com isso conservar os mais elevados princípios morais, com estrita honestidade de propósito e integridade em todos seus assuntos.
      Sou grato aos meus colaboradores que sempre me enviam textos e ou referencias que julgam adicionar algo a meu conhecimento, sei que tenho muito a aprender, morrerei e todo o conhecimento que tiver adquirido será tão ínfimo que nem Pitágoras conseguiria imaginar uma equação que o calcule. Obrigado incansáveis trabalhadores da Arte Real.
      Já faz alguns dias, quando iniciei a compilação deste texto, na ocasião fui presenteado com uma prazerosa tarde de troca de idéias com um irmão Mórmon que têm se mostrado radicalmente contrário a filiação de um Mórmon com a Maçonaria, em uma de suas fala ele disse: “Ao iniciar na Maçonaria, e tornar isto publico, você acabou com sua carreira na Igreja, ao decidir ser Maçom você abriu mão de suas heranças como líder; ele disse ainda: “nós não estamos preparados para novamente ter líderes maçons, o mundo não suportaria vocês dentre nós mais uma vez, a pressão seria muito forte...” (com a permissão deste amigo gravei em meu celular nossa diálogo, meu objetivo desde o início foi transcrever em algum momento, aquilo que dissemos, na ocasião pensei que de alguma forma poderia encaixar as palavras dele em um novo texto, aqui estão elas, mas é lógico que vocês compreendem não ser possível citar seu nome). As palavras de meu irmão Mórmon deixou em mim a forte impressão de que a intolerância em todas as suas formas sempre estará presente em nosso dia a dia. É triste para mim, quando Mórmon, saber que o preconceito por parte de meus irmãos nunca nos deixará. A intolerância tem sido infligida aos mórmons maçons como se esta fosse a cura para uma enfermidade. Fica em mim a impressão de haver sido tatuado a ferro e fogo, igual aos quadrúpedes ruminantes criados com objetivo de ordenha e abate. Esta marca indelével, que pejorativamente nos têm sido aplicada por parte daqueles que se imaginam portadores absoluto da verdade, embora eles não enxerguem, é a mesma que nos expulsou de Kirtland, Ohio e Illinois.
      Parece que a caça as bruxas, deflagrada contra a Maçonaria, é o único consenso conquistado por todos os seguimentos do cristianismo (sic). É fácil encontrar textos digitados com o firme propósito de nos atacar sob a alegação de que nossos objetivos são diferentes daqueles que buscam ajudar a humanidade. Estas manifestações de incoerência, das quais, a Maçonaria tem sido vitima, estão alicerçadas no preconceito e na irracionalidade. Ao nos repudiarem, alguns em suas falas têm dito que a Maçonaria é praticantes de uma falsa religião. Alegam que criamos dogmas com o objetivo de destruir a verdade divina.
      Outra coisa que parece incomodar a algumas pessoas é o fato de sermos sigilosos, nossos críticos não entendem que nosso sigilo se explica pela necessidade de discrição, nada tendo a ver com o significado pejorativo da palavra secreto, embora hoje alguns maçons na tentativa de amenizar a situação prefiram ser identificados como sigilosos, eu ainda insisto em ser tratado como secreto, esta minha preferência justifica-se pelo significado literal da palavra que nada mais é do que: “Íntimo, interior, particular” (vide Dicionário Aurélio). É este o contexto de nosso segredo. Aos meus irmãos mórmons que pensam na Maçonaria como uma organização secreta (pejorativo), lembro que assim como as confissões de SUD ao seu Bispo é inviolável, e por ser, não podem ser rotuladas pejorativamente de secretas, são os segredos da Maçonaria, nosso sigilo se explica pela necessidade de preservação, não somos agressores ou violadores, na realidade somos vitimas, se nos mantemos em alto nível de sigilo o objetivo é nos proteger, e por procedermos assim, isto não nos torna maus ou bons, apenas ajuda a proteger rituais milenares, pois se não fosse assim, talvez hoje não existíssemos mais, seriamos, talvez, uma forma corrompida de Maçonaria. Penso que já teria acontecido com a Maçonaria o que aconteceu com o cristianismo anterior a restauração, que teve seus rituais corrompidos pelos “bem intencionados”.
      A Maçonaria é tão aberta quanto os rituais do templo, que embora acessíveis a uns poucos, foi planejado para todos. Nós maçons nos enclausuramos motivados pela necessidade de preservação da forma correta de se fazer Maçonaria.
      Tenho lido alguns autores que acusam a Maçonaria de planejar ser a substituta do cristianismo. Caro leitor, nem mesmo desejamos ser seu concorrente, a expressão correta a ser aplicada quando alguém se referir a Maçonaria em relação cristianismo seria parceiros. Mesmo após iniciado um Maçom é livre para seguir com sua fé religiosa, além de ser incentivado a agir conforme os ditames de sua própria consciência. Tenho repetido quase compulsivamente estas coisas, inclusive como respostas aos e-mails que recebo. Nestes e-mails tenho notado certo grau de malevolência da parte de meus irmãos mórmons, os que me escrevem dizem (alguns deles) sentirem-se incomodados por minha escrita, eles afirmam que sou um apostata e que com meus textos tento destruir nossa fé.
      Não deveria ser assim, a verdade não deveria incomodar, pois escrevo apenas para tentar mostrar que a Maçonaria não combate do outro lado do front de batalha, estamos do lado dos mocinhos, não estamos a comandar, nem mesmo planejamos, uma guerra santa.
      Em sua obra intitulada Dicionário de Maçonaria, Joaquim Gervasio Figueredo, na página 218 diz: “O primeiro e fundamental Landmark é a crença em um Deus como sendo o Grande Arquiteto do Universo, o Ser que “poderosa e suavemente ordena todas as coisas”, e que, de Seu elevado plano, governa o Seu universo e lhe infunde a Sua vida”.
      Uma das primeiras coisas que se aprende ao pesquisar Maçonaria é que para a instituição, os marcos, (ou landmarks) são leis imutáveis, invioláveis. A Maçonaria existe para beneficiar a humanidade. Ela agrega em seu seio homens provenientes de todas as esferas sociais, com uma insuperável variedade de opiniões políticas, religiosas e raciais, onde todos são reunidos e mantidos juntos em uma “quase” perfeita relação de amizade e boa vontade.
      Certa vez ao afirmar que a Maçonaria é uma grande benfeitora da humanidade alguém me perguntou: Por que então algumas pessoas e até mesmo organizações religiosas atacam tanto a vocês? Em resposta eu disse: Desde os primórdios de nossa existência (da Maçonaria), temos sido atacados por aqueles que desconhecem nossos objetivos. Embora esta tenha sido minha resposta, nem mesmo eu fiquei satisfeito com ela, não consigo entender o motivo de tanta repulsa, de tanta quizila. Infelizmente é indiscutível a forte probabilidade de que a discordância, a intolerância, por parte de alguns, continue existindo em uma escala espiral progressiva que um dia (parecido com mil anos) deverá desembocar nas águas da verdade, quando então todos os registros serão abertos, e o bem prevalecerá, e a Maçonaria finalmente receba o seu quinhão das mãos daquele que é justo e perfeito, quando então poderemos descansar, pois finalmente teremos construído um templo (perfeito) à virtude.
      A Maçonaria não é uma religião, embora seja religiosa. Não somos mais uma denominação religiosa, embora seja um lugar onde todos os homens de todas as religiões podem unir-se e confraternizar-se como irmãos.
      Em outros textos de minha autoria tenho citado vários líderes (da Igreja) que viveram no passado, como exemplo de dedicados mórmons maçons, dos quais a história não registra um único que seja, que tenha encontrado algum conflito ideológico ou teológico entre as duas organizações. Atualmente sei da existência de alguns Conselheiros de Templos, Oficiantes, Bispos, Presidentes de Estacas que são maçons, e o que tenho ouvido deles é que não encontraram nenhum conflito que os forçasse a abandonar a fraternidade maçônica. O que me dizem alguns, é que em função de seus chamados têm encontrado alguma dificuldade em atuar assiduamente na Maçonaria, mas, tempo é um problema que todos nós em algum momento da vida precisamos administrar. Sempre haverá conflito entre nossas obrigações religiosas e os outros afazeres, eu mesmo, em tempos passados, algumas vezes deixei de freqüentar minha unidade em função de meu trabalho, mais isto não minou minha fé, por que então a Maçonaria que normalmente se reúne uma vez por semana, e nunca aos domingos, seria um empecilho ao meu progresso espiritual? Desde que fui iniciado Maçom a fraternidade se tornou para mim um forte apoio e influência ao longo de minha viagem rumo ao encontro com o Senhor Jesus Cristo.
Discordo daqueles que buscam na falta de tempo, justificativa para não ser Maçom, pois se o tempo fosse real empecilho nossos líderes seriam todos remunerados, eles teriam que parar de estudar e seriam todos celibatários.
      Aos meus irmãos mórmons maçons, deixo um recado: “É essencial que nós sejamos um exemplo na realização das designações que nos sejam apresentadas por nossos líderes, participando ativa e assiduamente dos eventos patrocinados pela Igreja, que nossa fé seja movida pelas boas obras, que sejamos todos devotados homens de família, dediquemo-nos em desenvolver nossos laços de amizade visando o benefício do próximo, pois procedendo assim a Maçonaria e a Igreja de Jesus Cristo continuarão a ser compatíveis, esta é nossa grande responsabilidade como mórmons maçons”.
      Amigos e irmãos, estas são algumas de minhas reflexões sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Maçonaria, você é livre para aceitar pelo espírito o que tenho dito. “E quando receberdes estas coisas, eu vos exorto a perguntardes a Deus, o Pai Eterno, em nome de Cristo, se estas coisas não são verdadeiras...” (Moroni 10:4). Ao se decidir por julgar se a Maçonaria é compatível ou não, com A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, dispa-se das armaduras do preconceito, não esqueça que ainda hoje o mundo julga o mormonismo através das lentes da ignorância e da intolerância, não aplique esta mesma medida a uma organização “...virtuosa, amável, de boa fama...” (13ª Regra de Fé), “... para que não sejais, porventura, achados combatendo contra Deus...” (Atos 5:39).

REVERBERAÇÃO

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Estive pensando sobre os reais motivos que poderiam ter levado o Profeta Joseph Smith Junior a ingressar na Maçonaria. Não que isto me incomode, afinal, eu, literalmente tenho seguido seus passos, hoje também sou um Mórmon Maçom. Mas parece que este tema é um imenso paralelepípedo que acidentalmente foi parar nos sapatos de alguns dos meus irmãos mórmons. Algumas vezes, quando falo sobre estas coisas, é inevitável não notar os sorrisos sem graça estampados nos rostos de alguns. O descontentamento de parte de meus irmãos é algo desconcertante para mim, saber que alguns consideram a decisão do profeta um equívoco, ecoa em minha mente como uma contradição que deve ser combatida, talvez eles pensem que teria sido melhor nunca ter acontecido. Infelizmente, (para estes), a iniciação maçônica do Profeta Joseph Smith Junior ecoa em seus ouvidos como uma verdade que lhes seria mais conveniente ser mentira. Entre os que tentam rasgar as páginas da história, existem aqueles que desprovidos do conhecimento necessário, tentam explicar através de uma oficiosa idéia o porquê de Joseph estar na Maçonaria. Acreditando em suas fantasiosas idéias que facilmente são explicadas pela mirabolância, uns poucos têm se aventurado pelo caminho que os conduzirá indubitavelmente ao labirinto do ridículo e das contradições, tendo como etapa final sua transformação em verdadeiros xiitas do mormonismo. É neste momento que nasce em mim, um misto de dor e pena, por ver que estes meus irmãos mórmons se valem de fábulas desarmônicas, que variam do pueril a pusilânime, numa desesperada tentativa de explicar as ações de um homem que agiu impulsionado por suas preocupações com seu bem estar e de seus amigos. Quando alguns líderes mal informados negam aos Mórmons Maçons o livre pensamento, o direito a liberdade, a expressão, agem motivados pela desnecessária tentativa de ocultar um ato de imensurável relevância na vida do Profeta de Deus, agem assim pensando estar protegendo a Igreja. Oxalá eles ficassem calados e não tentassem explicar o que lhes parece sem explicação. Mas, eu os entendo, embora não consigo ver razões para desculpá-los, pois eu minha humilde compreensão agem assim unicamente nutridos por suas débeis necessidade de justificar uma contraditória oposição a Maçonaria.
Certa vez um amigo disse ter ouvido de um líder local a seguinte expressão: “Se dependesse de mim um Mórmon Maçom não teria direito a uma recomendação para o templo...”, que absurdo, que disparate, que incoerência... É constrangedor presenciar tanta falta de sensibilidade em um líder, como alguém que diz crê na divina inspiração do chamado de um profeta pode afirmar tal despautério? Como pode ele tão facilmente esquecer as instruções que tem recebido? Por razões obvias me dou ao direito de não citar nomes, mas mesmo assim, este será meu feedback para continuar desenvolvendo o texto.
Ao falar da ambigüidade do Profeta Mórmon Maçom, penso que a chave para entender sua decisão de ser iniciado, estar em aceitar que existe uma diferença profunda entre a mensagem e o mensageiro. Como por exemplo: a mensagem do templo é claramente inspirada e chegou até o (mensageiro) Joseph Smith Junior por divina revelação, disto não tenho duvidas. O conceito da promessa de Abraão que se refere a uma aliança com Cristo no âmbito da progressão eterna é exclusivo para o templo e não encontra paralelo dentro da Maçonaria. Se assim não fosse, ao apresentar essas verdades eternas, ao apresentar esses convênios, Joseph seria rapidamente acusado de plágio pelos Mórmons Maçons. A essência da Maçonaria, do ponto de vista teológico não encontra similaridade na doutrina Mórmon. As semelhanças que alguns alegam existir estão todas limitadas à forma ritualística de se realizar alguma coisa, tendo como objetivo fazer com que os partícipes do ritual estejam definitivamente habilitados a compreender uma idéia central.
Não se pode esquecer que a maioria dos homens membros da Igreja, (em Nauvoo), contemporâneos de Joseph eram maçons, e sendo, todos estavam familiarizados com a forma ritual de instrução e aprendizagem da Maçonaria. Sendo assim, por que ninguém reclamou das semelhanças simbólicas entre os rituais do Templo e a Maçonaria?
Para uma pergunta simples, uma respostas simples:
- Se Joseph tentasse transmitir a “nova” e profunda doutrina das investiduras valendo-se apenas das palavras ou utilizasse a forma tradicional de treinamento, certamente não faria justiça aos conceitos complexos e abstratos do templo. Por isso penso ter surgido á necessidade de incorporar alguns dos rituais maçônicos na explicação do sagrado (ritual do templo), fazendo isto, Joseph objetivava tão somente transmitir a mensagem de forma que pudesse ser mais facilmente absorvida pelas pessoas.
Antes que gesticule negativamente, deixo claro que o Profeta Joseph Smith Junior não foi o primeiro a lançar mãos do profano para explicar o sagrado, afinal de contas o que era a serpente de bronze utilizada por Moisés no deserto, senão uma clara analogia ao paganismo egípcio? Fazendo uma rápida pesquisa na internet você descobrirá que Moisés também utilizou um símbolo pagão para ensinar uma verdade sagrada. A serpente de bronze não foi apenas um artifício criado por Moisés com o objetivo de chamar a atenção dos hebreus, ela era velha conhecida deles, ainda conservavam fresco em suas mentes as lembranças das tradições pagãs do Egito. Ao investigar um pouco mais você descobrirá que os reis egípcios usavam um cetro em forma de serpente folheado de bronze. Eles acreditavam que esse cetro possuía propriedades mágicas, inclusive alguns dos hebreus haviam incorporado esta crença pagã à religião judaica. Moisés valeu-se disto, instruído por Deus, lançou mãos de um símbolo pagão para ensinar sobre a verdadeira fé. Quando afirmo isto, pode parecer para alguns um ato de apostasia, mas antes de qualquer julgamento precipitado, o leitor deve entender que esta era a única forma (naquele momento) de apresentar a doutrina (de Jeová) aos hebreus idolatras. De outra forma, como acreditariam? Alguns não creram!
Quando o ritual do templo foi apresentado aos mórmons maçons, nenhum deles acusou Joseph de plágio, todos entenderam que esta era uma forma bem melhor de absorver a mensagem e seus ensinamentos.
Algo realmente impressionante na relação do Profeta Joseph Smith Junior com a Maçonaria, é que esta ambigüidade não incomoda somente aos membros radicais da Igreja, somados aos nossos descontentes, também existem os anti-mórmons que se escondem por trás desta relação para atacar os rituais do templo. O prato preferido deles são as várias mudanças ocorridas no ritual desde sua primeira apresentação. Eles se valem destas alterações para negar a condição inspirada e divina dos rituais do Templo. Eles deliberadamente fingem não saber que a mensagem nunca mudou, sua essência é a mesma. O conteúdo ritual do templo permanece intacto, imutável, como Deus É.
O ritual Mórmon conserva a mesma essência que foi obtida no início por revelação divina. Aquilo que chamam de modificação, eu denomino adequação para que haja melhor compreensão e absorção da doutrina, e isto é uma prerrogativa do Profeta em cada dispensação que vive. Cabe ao Profeta usar da liberdade que seu chamado sagrado lhe outorga, como também fazer com que o ritual seja de mais fácil assimilação. Não entendo por que alguns ficam abalados quando sabem que ao longo do tempo algumas alterações físicas foram aplicadas ao ritual do Templo, não vejo espaço para dúvidas nem constrangimentos, a mensagem é a mesma. Estou tranqüilo em afirmar que os rituais podem ser alterados continuamente, conforme seja a necessidade, desde que a essência sagrada seja mantida.
Se tomarmos o Livro de Mórmon ou a Bíblia como exemplo do que digo, lembro que o Livro de Mórmon foi trazido à luz do conhecimento pela vontade de Deus. É claro que você sabe que inicialmente ele foi apresentado ao mundo no idioma inglês, como também deve saber que o inglês não é um idioma divino, embora hoje seja considerado universal. O certo é que não precisamos de um idioma divino para que venhamos a aceitar o conteúdo do Livro de Mórmon ou da Bíblia como escrituras autenticamente sagradas. As letras que compõem as palavras não passam de símbolos que graficamente representam os fonemas, são sinais fartamente utilizados por todos, inclusive pelos que combatem ao Cristo, e isto não torna o Livro de Mórmon, ou a Bíblia, nem nenhum outro escrito sagrado, menos sagrado do que ele é. Aqueles que são escravos da pornografomania na expressão escrita de suas idéias valem-se dos mesmos sinais gráficos que utilizamos para escrever os textos sagrados, mas nem por isto o Livro de Mórmon ou a Bíblia perderam sua conduta de escrituras divinamente inspiradas. Confesso que Não me importa se os símbolos do templo se assemelham aos símbolos da Maçonaria, penso ser esta uma discussão boba que em nada edifica a verdade. O que realmente deveria nos importar é o teor sagrado do significado dos símbolos, este sim, deve ser protegido contra a profanação, e para agir como guardiões destas coisas, para proteger os santos rituais do Templo é que existem os profetas, e Joseph era um deles.

A MAÇONARIA E O BANDO DE GADIÂNTON



Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


De todas as bobagens que tenho ouvido sobre a Maçonaria, existe uma que com certa freqüência tem sido repetida por meus irmãos mórmons, e esta se destaca por sua pitoresca compreensão. Graças a um provocante e-mail que recebi, abordo este tema (ainda) inusitado para mim. Quem já leu meu livro “Os Construtores de Templos” deve lembrar que nele faço relato da experiência vivida por mim quando tomei a decisão de ser iniciado Maçom, na ocasião eu disse: “ouve uma pequena desordem no âmbito familiar, eles temiam por achar que eu estava a me unir a uma versão moderna do Bando de Gadiânton”.
Mas, em função dos esclarecimentos recebidos, e das referencias que sempre tive na Maçonaria, eu sabia não haver nenhuma relação entre as combinações secretas descritas no Livro de Mórmon e a milenar fraternidade.
Provavelmente, já neste momento do texto, aquele que não tem nenhuma intimidade com o Livro de Mórmon deve estar a se perguntar, “afinal, que Bando de Gadiânton é este do qual você fala?”
Portanto, é para estes (não esclarecidos) que explico: o Bando de Gadiânton foi formado por criminosos que viveram nas Américas no período coberto pelos escritos do Livro de Mórmon. Eles faziam parte de um grupo criminosamente organizado por um homem chamado Quiscúmen, que no alicerçamento de suas idéias maquiavélicas estabeleceu a prática de juramentos como forma da demonstração de fidelidade. Inicialmente o bando foi organizado com o único objetivo de assassinar o juiz supremo da terra dos nefitas. Com a consumação deste intento assassino, eles continuaram organizados em torno das idéias de Quiscúmen direcionando suas realizações criminosas para todo tipo de mal, inclusive e tornando-se experts na arte do terror e do engano. Conforme minha compreensão dos textos sagrados, todas as versões deste bando criminoso tem seguido exatamente os mesmos padrões estabelecidos por seus criadores.
Em análise superficial dos manuais mórmon, destaco várias características atribuídas ao grupo criminoso de Quiscúmen. Ao fazer isto, espero que meu leitor compreenda, que embora minhas interpretações estejam em harmonia com a doutrina Mórmon, estas são conclusões minhas, e não devem ser tomadas como interpretações de alguém autorizado a falar em nome da Igreja. Na verdade, apenas tento fazer uma descrição simples e superficial, meu objetivo e fazer que você assimile as razões pelas quais considero incoerente comparar o Bando de Gadiânton com a Maçonaria.
De acordo com o Livro de Mórmon os pontos que passo a destacar distanciam a Maçonaria dos grupos das combinações secretas.

a) Os objetivos das combinações secretas estão sempre relacionados com a conquista do poder e do enriquecimento ilícito.

a.1) Os objetivos da Maçonaria primam pelo bem social da humanidade, protegendo os injustiçados e punindo os tiranos, sempre pondo os interesses da coletividade acima dos interesses individuais.

b) As combinações secretas utilizam o dinheiro e a violência para atingir seus objetivos.

b.1) A Maçonaria utiliza o dinheiro para realizar ações sociais, e sempre se contrapõem ao violento tirano.

c) O sigilo absoluto é um dos princípios básicos das combinações secretas, e também uma forma de acobertar suas práticas criminosas.

c.1) O sigilo na Maçonaria visa resguarda tradições milenares e proteger o Maçom da intolerância dos ignorantes e preconceituosos.

d) As combinações secretas florescem e prosperam através do espólio e da maldade.

d.1) A Maçonaria floresce com a iniciação de homens livres e de bons costumes.

e) O diabo é a maior inspiração para as combinações secretas, e por isso essas organizações são apontadas por Deus como uma maldade "acima de toda a maldade de toda a terra."

e.1) A Maçonaria busca inspiração no belo e divino, o profano é veemente repudiado, embora não nos envolvamos nas questões religiosas, no mundo todo os cristãos maçons são maioria.

E, finalmente, ratificando tudo que já disse trago à luz do conhecimento e da verdade uma testemunha que confirmará todas as minhas palavras, o Profeta Joseph Smith Junior. Quem melhor do que ele para testificar acerca da índole pura da maçonaria? Como alguém poderá dizer, ou sequer pensar, que uma organização onde esteve abrigado Joseph Smith Junior, o Profeta de Deus, seja uma organização que busque sua inspiração no diabo?
Entendo que um não membro tenha estes lapsos, que confunda os objetivos da Maçonaria e da Igreja em relação á humanidade, mas a nós mórmons isto não é permitido, afinal, somos, ou não, os verdadeiros membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias? Absorvo da culpa, os incrédulos, inclusive quando fazem criticas a forma sigilosa em que guardamos os rituais do templo, nós sabemos de sua natureza sagrada, eles não. São eles que não entendem o porquê da realização dos rituais do Templo, é difícil para eles entender que nossos rituais não são combinações secretas. Sendo eu um membro da Igreja é muito fácil compreender que um convênio também pode ser compreendido como um juramento.
Penso que, um Mórmon tentar comparar a Maçonaria com uma combinação secreta é uma tentativa intencional de agredir o bom senso, é uma violência a verdade e a coerência. Todos podem ter acesso às informações que comprovam ser a Maçonaria estimuladora das virtudes que são antagônicas às combinações secretas.
Fico embasbacado ao notar tanta histeria manifestada de forma coletiva. Na tentativa de fazer parecer natural, alguns trapalhões tentam relacionar a Maçonaria com as combinações secretas descritas no Livro de Mórmon. Isso faz com que as palavras dos alienados, dos néscios, adubem a mente fértil dos indoutos que ávidos por acreditar em qualquer coisa, quase que imploram para serem ensinados sobre o significado das combinações secretas. Pobres almas que ainda não viram a luz, que se encontram envoltas pela escuridão de seus temores, vêem conspiração em qualquer lugar, em qualquer relação que lhes pareça fugir ao padrão estabelecido por seus pensadores.
Atribuir caráter de conspiração secreta àquilo que não compreende, é uma característica quase universal dos indoutos, dos raquíticos da fé, e do conhecimento.
Estes, de quem refiro, são os que também vêem combinações secretas nas ações dos maçons, e algumas vezes nos templos mórmons. Gostaria de me estender neste assunto, mais considero desnecessário assim proceder, pois penso ser a prolixidade um luxo que me não permito, por enquanto, dou-me por satisfeito até que a questão me seja novamente apresentada.

A MAÇONARIA E A EPISTEMOFOBIA CRISTÃ

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Como se estivessem a cumprir um entediante ritual, alguns líderes religiosos que pensam estar num estado de absoluto esclarecimento espiritual, têm apresentado a Maçonaria aos seus fiéis como se esta fosse uma entidade maligna que guarda segredos obscuros. As acusações que eles têm nos infligido vão da sodomia ao sacrifico de inocentes crianças (vide Pastor Francisco Vieira - http://www.centraldepregadores.com.br/francisco-vieira/). Todas estas acusações seriam cômicas se não fossem trágicas. Embora a maioria das pessoas tenham conhecimento de que estas acusações beiram as alucinações de um megalomaníaco que pensa haver chegado ao estado divino da onisciência, inevitavelmente existem aqueles que acreditam nestas bobagens. Embora não devesse, ainda fico chocado, isto acontece principalmente quando vejo homens religiosos que se dizem esclarecidos pela verdade, se auto-elegendo defensores do cristianismo, conduzindo os incautos, que num torpor mental, alucinados pelo medo de um inferno que só existe nas tradições de algumas religiões (1), finalizam seus pensamentos baseados na intolerância e no preconceito. Eles combatem a Maçonaria como se nós maçons fossemos seus inimigos, esquecem até mesmo daquela máxima do cristianismo, que diz: Amai-vos uns aos outros, conforme eu vos amei (João 15:9), este me parece ser um amor incondicional. Os iconoclastas da razão e da verdade têm tentado, algumas vezes com sucesso, doutrinar aqueles a quem chamam de suas ovelhas, que por sua vez não passam de pequenos gnomos (2), que para se comunicar emitem estranhos sons que lembram um idioma desconhecido. Infelizmente estes gnomos acreditam nas injurias que apontam a Maçonaria como um culto de adoradores do Diabo, ou de outra entidade maligna qualquer. A idéia é bombardear tão agressivamente a Maçonaria que os desmiolados gnomos não consigam mais diferenciar o certo do errado, ao proceder assim estes iconoclastas fazem com que todos passem a concordar com suas idéias mirabolantes. Como exemplo disto, no início do século XVIII, o Vaticano emitiu uma bula papal onde tornou pecado mortal a filiação de seus membros junto a Maçonaria, inclusive enfatizando ameaças de excomunhão para aqueles que descumprirem esta lei (sic). Talvez você diga, mas isto foi á muito tempo, agora é diferente, conheço vários padres que são maçons. Concordo com esta afirmação, eu mesmo já tive a oportunidade de encontrar alguns irmãos padres, e a eles peço desculpas se minhas palavras agridem sua fé, não é esta a intenção, apenas tento mostrar a incoerência de alguns líderes religiosos.
Pois bem, infelizmente, esta clara demonstração de incoerência comportamental não ficou perdida nos anos do Século XVIII, a infame lei foi ratificada em 1983 pelo cardeal Joseph Ratzinger quando a “Santa Sé” (Santa?) “zelosamente” emitiu novo texto, ressuscitando a afirmação que proíbe um católico de se filiar a maçonaria (3). Oxalá, tanto zelo, um dia seja direcionado às vitimas da pedofilia.
Os predadores da Arte Real na ânsia de nos combater, usando de métodos incoerentes, têm dito existir no contexto maçônico uma filosofia que se contrapõe à doutrina cristã, afirmam que esta “filosofia maçônica” sempre se apresenta com intenções agressivas a fé cristã (sic). Eles alegam que nossas cerimônias se tornam em afronta direta ao cristianismo, por isso temos que ser combatidos. No entanto, esta alegação desemboca na incoerência exacerbada dos homens santos, pois ela não encontra respaldo na verdade, suas afirmações em nada se coadunam com os princípios da ética e da moral maçônica.
Agindo iguais a hienas famintas que emitem falsos sorrisos, estes estranhos protetores do bem vivem todos os seus momentos arquitetando planos de como fazer para vender uma imagem negativa da Maçonaria, eles insistem em afirmar que a “doutrina maçônica” é coroada pela visão deísta do naturalismo criacionista (4). Esta é apenas mais uma, na soma das inverdades que apregoam contra nós maçons. Não importa quantas vezes venhamos a repetir que “A maçonaria não pode ser comparada a uma religião”, na verdade não temos sequer uma doutrina que lembre a religião. Ninguém poderá negar saber que a Maçonaria não se envolve em questões teológicas, pois além de falar claramente sobre isto, temos deixado que as dúvidas concernentes a fé sejam dissipadas por cada individuo na religião que elegeu como sua.
Mesmo assim, tencionando ratificar sua verdade, nossos oponentes deliberadamente não informam aos seus signatários que entre os maçons não existe um único ateu, pois um de nossos landmarks (5) nos proíbe de aceita-los. Os religiosos, aqueles que combatem a Arte Real, nos acusam de paganismo em mais uma intenção de conduzir seus seguidores pelos caminhos da ignorância e do preconceito, eles questionam a referência que fazemos ao “Grande Arquiteto do Universo”, inclusive dizendo que o “Grande Arquiteto do Universo” a quem nos referimos é um deus próprio da Maçonaria, e não o Deus da fé que o individuo professa.
Gostaria muito que todos meus leitores entendessem meus objetivos na escrita, mais nem sempre é assim, algumas vezes nem mesmo meus irmãos maçons me entendem. Certa vez um irmão maçom que me leu enviou-me um e-mail com seus comentários onde me dizia que escrevo para defender a Maçonaria, ele disse: “A Maçonaria não necessita de defensores”. Concordo em gênero, numero e grau com esta afirmação, mas, também espero que meu irmão releia meus textos e entenda que não os escrevo com o intuito de defendê-la, e sim, a mim mesmo. Quando me permitem a defesa, apresento como definição do que é a Maçonaria a afirmação que diz: “Maçonaria é um lugar onde se reúnem os defensores da Liberdade e da Religião”. O reverendo Albert Gallatin Mackey, pastor protestante, autor de vários livros e artigos sobre a Maçonaria, a definiu como "uma ciência que se dedica a pesquisa da verdade divina."
Inevitavelmente sinto que sou um privilegiado por ser Maçom, pois foi na Maçonaria que vi pela primeira vez o liberalismo ser praticado em sua essência, sem que isto venha acarretar em prejuízo da amizade. Foi na Maçonaria, que pela primeira vez vi homens discordarem e mesmo assim continuarem se respeitando como irmãos. Ao falar assim espero que entendam que estou somente tentando dizer quer as crenças do individuo jamais serão discutidas ou questionadas em Loja, com isso estamos evitando as discussões entre os que têm convicções antagônicas.
Fico incomodado em ver que o protestantismo tenta desencorajar a participação de seus seguidores, inclusive com ameaças de cadeira cativa no inferno para aqueles que ingressarem na Maçonaria, felizmente, em alguns casos essas ameaças tem se tornado em letra morta.
Fazendo um breve aparte, esclareço aos meus leitores que sou um membro ativo e atuante de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, penso também ser interessante esclarecer, mesmo em rápidas palavras, que nós mórmons não somos parte do seguimento protestante, e por isto, não devemos ser conferidos com eles. Quanto a Maçonaria, não existe na Igreja uma política oficial sobre a participação ou não de seus membros nela, nossa liderança maior (Primeira Presidência) tem deixado ao encargo de cada individuo esta decisão. Também a Primeira Presidência tem negado veemente a qualquer de seus líderes o direito, ou poder, de punir os mórmons maçons por sua simples condição de ser. Sempre que consultados sobre este assunto a Primeira Presidência têm alertado sobre a necessidade das pessoas reservarem algum tempo para a família, trabalho e Igreja, deixando os membros da Igreja livres para fazerem suas escolhas, além de deixar claro que não existe punição para os que ingressam na ordem.
Na verdade, nos primórdios da história Mórmon, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e a Maçonaria mantiveram uma relação amigável e caminharam lado a lado sem nenhum constrangimento para as partes. É fato histórico documental que a família do Profeta Joseph Smith Junior já em 1816 era muito atuante na Maçonaria. Quando os mórmons precisaram migrar de Kirtland para Nauvoo, o Profeta Joseph Smith Junior e vários outros líderes, incluindo os quatro primeiros que o sucederam à frente da Igreja, foram iniciados maçons. Quando a Igreja transferiu sua sede para Salt Lake City (Utah) em 1840, após a morte do Profeta Joseph Smith Junior, alguns líderes tentaram fundar uma Loja maçônica. No entanto, em função da animosidade manifestada em conflitos locais pelos maçons não mórmons, o Presidente Brigham Young não permitiu a conclusão deste projeto.
Recomendo aos que desconhecem a história do mormonismo em sua relação com a Maçonaria e desejam se aprofundar neste tema, que façam a leitura de meu livro “Os Construtores de Templos, bem como meus textos expostos na internet, para que melhor assimilem a questão aqui levantada.

APÊNDICE

1 – Não estou a afirmar que o inferno não existe, faço apenas uma critica a visão de alguns quanto a sua existência, corroboro as doutrinas de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, também, no tocante a esta doutrina, conforme se encontra descrita em Princípios do Evangelho, cap. 46, pág. 282.

2 – Segundo a mitologia norueguesa o Gnomo vive aproximadamente 400 anos e quando se aproxima dessa idade, já começa apresentar sinais de envelhecimento tais como perda da memória e da agilidade. Eles são guardadores de tesouros inimagináveis. Aqui estou a fazer um comparativo entre os tesouros dos gnomos e os tesouros que todo ser humano guarda dentro de si, que são as virtudes, estes sim, são os verdadeiros tesouros que valem apena serem lapidados.

3 - Declaração de 26 de novembro de 1983 do cardeal Joseph Ratzinger, prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé (v. L´Osservatore Romano de 26.11.83):
Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a respeito da Maçonaria, pelo fato de que no novo Código de Direito Canônico ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior.
Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério redacional seguido também quanto às outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.
Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.
Não corresponde às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçônicas com um juízo que implique derrogação de quanto acima estabelecido e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de fevereiro de 1981 (cf. AAS 73, 1981, p.240´241).
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente Declaração, e ordenou a sua publicação.

Card. Prefeito Joseph Ratzinger

4 – Naturalísmo: É uma teoria metafísica que defende que todos os fenômenos podem ser explicados mecanicamente em termos de causas e leis naturais. Para os naturalistas, a Natureza é indiferente às necessidades e desejos humanos - Criacionísmo: As idéias criacionistas, de modo geral, estendem a interferência divina além do ato criador. Deus, segundo a filosofia judaico-cristã, intervém diretamente no plano da matéria, uma vez que provoca, por exemplo, o dilúvio, assim como inspira Noé a construir sua arca e a conduzir nela diversos pares de animais, que povoarão posteriormente o mundo novo.

5 – Landmark: É um conjunto de princípios que não podem ser alterados para que se mantenha a unidade maçônica mundial que prevêem a obrigatoriedade dos maçons serem filados a lojas, da crença em um ser superior (O Grande Arquiteto do Universo), da obrigatoriedade de trabalhar-se em 3 graus simbólicos, entre outros.

MÒRMONS MAÇONS, AB INITIO


Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com

Ao escrever o livro Os Construtores de Templos eu não imaginei que o mesmo me proporcionaria a oportunidade de conhecer (virtualmente) tantas pessoas. Tamanha repercussão me levou a lugares que nunca imaginei atingir, ainda hoje, fico surpreso quando fico sabendo que fui lido em vários pontos do mundo. Os e-mails que recebo diariamente tem me dado a grata satisfação de conversar com pessoas que em outro momento eu não teria oportunidade de conhecer, em função desta popularidade não almejada, tenho me dedicado de forma quase compulsiva a pesquisar nossa relação (mórmons) com a Maçonaria. Sem falsas pretensões, venho tentando esmiuçar, agindo como um observador imparcial, a história do mormonismo. A cada novo texto escrito, fica em mim a impressão de que logo aparecerá alguém com a afirmação de que desconhece esta conexão, daí o motivo d’eu sempre retornar ao tema.
Embora, exaustivamente, eu tente explicar aos meus leitores que sou um Mórmon ativo e atuante em nosso contexto, sempre aparece alguém que questiona meus motivos e alega que meus textos servem apenas de munição aos anti mórmons. Ainda existem alguns outros que insistem em questionar meus motivos, são pessoas que transcendem os limites da razão negando até mesmo os fatos históricos devidamente comprovados. Neste novo texto volto a fazer relatos sobre a interseção mórmons maçons, com destaque para os fatos ocorridos em Nauvoo. Espero que meu leitor contumaz não se surpreenda quando ao me ler note que algumas afirmações se repetem com certa constância em todos os meus textos, entenda que a repetição se explica no fato de que apenas retrato fatos verídicos, e a verdade nunca terá mais que uma versão.
Com a dramática saída de Kirtland, os mórmons que buscavam um novo local para construir suas casas e seus comércios, chegaram a pequena Vila de Commerce e ali viram uma nova oportunidade de reconstrução das suas vidas. A chegada massificada dos mórmons ao pequeno vilarejo proporcionou aos nativos a visão da maior explosão demográfica ocorrida nos EUA do Século XIX, a história registrou a transformação de um ponto esquecido dentro de um pântano em Illinois, na maior, e mais bela cidade do estado. Este surpreendente crescimento foi documentado por vários historiadores, e se explica pela chegada massificada dos conversos mórmons que imigraram da Europa, em especial da Inglaterra, onde originalmente a Maçonaria moderna deu seus primeiros passos.
Nauvoo, um lugar pantanoso e infestado de doenças, posteriormente se tornou a maior e mais próspera comunidade religiosa dos Estados Unidos da América, e surpreendente, todo este crescimento ocorreu em apenas cinco anos. É fácil encontrar os escritos onde os historiadores afirmam que em um curto espaço de tempo Nauvoo multiplicou sua população de algumas poucas dezenas para milhares almas, o que permitiu aos historiadores compará-la a Chicago, um importante entreposto comercial. Penso que por suas dimensões demográficas, logo alguém pensou em fundar uma Loja maçônica, e, é coerente com esta realidade afirmar que inclusive vários líderes da Igreja se viram tentados a participar da realização deste projeto já que em sua grande maioria os mórmons eram as pessoas mais importantes da cidade.
Era só uma questão de tempo em breve Nauvoo teria sua primeira Loja maçônica. No verão de 1841, vários Santos dos Últimos Dias que já eram maçons antes mesmo de serem mórmons, representados por Lucius N. Scovil, uma figura muito importante no cenário religioso mórmon, enviou uma petição a sua Loja de origem (Bodley nº 1, em Quincy, Illinois) para que intermediasse junto a Grande Loja de Illinois autorização para que fosse fundada a Loja de Nauvoo. Infelizmente a petição foi negada sob alegação de que ainda era cedo para tal, e recomendou que esta decisão fosse adiada para o futuro, embora não tenha estabelecido uma data para retomar a discussão.
Descontentes com a falta de apoio, menos de um ano depois, os mórmons maçons de Nauvoo agindo sem a devida autorização fundaram uma Loja. Embora esta, do ponto de vista das leis maçônicas, tenha sido uma ação ilegal, eles (os mórmons maçons) agiram apoiados pelo Grão Mestre de Illinois, Abraham Jonas (um Maçom Judeu) que concedeu uma dispensa “especial” para que a Loja fosse fundada. Foi Abraham Jonas que também iniciou na Maçonaria o profeta Joseph Smith e seu primeiro conselheiro, Sidney Rigdon, inclusive acelerando sua (de ambos) exaltação ao terceiro grau, tendo "dispensado” o período de espera considerado normal para uma mudança de grau. Aparentemente o interesse de Jonas no favorecimento dos mórmons no tocante a esta iniciativa deve-se ao fato d’ele ter interesses políticos ligados a crescente população Mórmon, ele via nos eleitores mórmons possíveis colaboradores a sua ambição política. Quem fez o dever de casa, e estudou os manuais de aula deve lembrar que a antipatia dos missourianos em relação aos mórmons deveu-se em grande parte às idéias abolicionistas dos líderes da Igreja, já que o Missouri era declaradamente um estado escravagista.
Embora o apoio de Abraham Jonas possa tê-lo deixado em alta junto aos mórmons, a decisão final do estabelecimento da Loja coube ao profeta Joseph Smith. Penso que o profeta viu nesta associação (do mormonismo com a maçonaria) alguns benefícios para os membros da Igreja, ao pensar assim, lembro que os maçons eram pessoas socialmente bem relacionadas, alguns eram governadores de estado, prefeitos, delegados, juízes e outras figuras de destaque no cenário nacional americano, entendo ser um pensamento coerente com a realidade afirmar que o profeta viu nesta organização a oportunidade de amizade e apoio que os mórmons tanto precisavam. Infelizmente, em vez de ter este apoio, a criação da Loja de Nauvoo apenas produziu mais atrito. Logo, aqueles que não simpatizavam com a causa mórmon, inclusive alguns maçons, passaram a questionar a doutrina ensinada pelo profeta Joseph Smith, a alegação comum a todos era de que Joseph havia “descaradamente” (sic) roubado as idéias dos rituais maçônicos e os aplicara na criação de seus próprios rituais. Costumo dizer aos que me apresentam este absurdo a seguinte afirmação: “Se esta injuria fosse verdadeira, se houvesse procedência neste despautério, com certeza, os contemporâneos do profeta, bem como nós atuais mórmons maçons não seriamos enganados ao ponto de acreditar que as ordenanças do templo tiveram suas origens na inspiração divina”. Somente uns poucos apóstatas, que abandonaram ou foram expulsos da Igreja levantaram suspeitas com acusações na maioria das vezes infantis contra Joseph, mas aqueles que o conheciam bem, aqueles que conviviam com ele em sua intimidade fraternal sabiam que "o Espírito Santo realmente desceu sobre ele, de modo que ele pudesse realizar plenamente o que Deus lhe ordenara fazer”.
Ao ser formada a Loja de Nauvoo, a Loja Bodley nº 1 protestou junto a Grande Loja de Illinois, alegando que várias irregularidades vinham sendo cometidas desde sua fundação, este protesto formal forçou a Grande Loja de Illinois decretar a suspensão temporária das atividades da Loja Mórmon, além de enviar uma comissão de sindicância para investigar seus registros, porém, os sindicantes concluíram que embora, aproximadamente, três centenas de Santos dos Últimos Dias tinham sido iniciados durante a breve existência da loja, nenhuma irregularidade que justificasse o fechamento definitivo dela foi constatado, diante do exposto a Grande Loja autorizou a Loja de Nauvoo reabrir suas portas, além de conceder autorização definitiva de funcionamento a esta e mais outras Lojas que funcionavam de forma ilegal (sem autorização da Grande Loja). Eventualmente, cerca de 1.500 homens Santos dos Últimos Dias ingressaram na Maçonaria, inclusive toda a liderança maior da Igreja.
Conforme escrevi em parágrafos anteriores, algumas pessoas abandonaram ou foram expulsos da Igreja, e dentre estes destaco John C. Bennett que após ser excomungado passou a acusar o profeta Joseph Smith de haver plagiado os rituais secretos da maçonaria. Bennett foi excomungado da Igreja por haver cometido adultério, e causou grande sofrimento pessoal ao Profeta Joseph.
A quem possa interessar, eu, um Mórmon Maçom declaro que Joseph Smith foi um verdadeiro profeta de Deus, centenas de milhares de pessoas em todo o mundo a cada ano entram na Igreja através das águas do batismo para a remissão de seus pecados, as ordenanças do Templo lhes foram concedidas por revelação divina, disto não tenho dúvidas. Posso até a aceitar que de alguma forma ele tenha sido influenciado pelo meio, mas esta influencia em nada alterou aquilo que recebeu de Deus, apenas facilitou sua compreensão das coisas que deveriam ser restauradas.
Entendo que as influências externas que o profeta Joseph Smith esteve exposto foram importantes fatores na formação de sua percepção como profeta de Deus. Da mesma forma entendo que as influencias externas foram importante para o Senhor Jesus Cristo na preparação de sua mensagem. Jean Paul Sartre fazendo uma leitura existencialista do marxismo disse: “... O homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que é construído a partir de suas relações sociais...”, é lógico que entendo que existe toda uma discussão por trás das idéias de Karl Max, mas não tenciono, nem discutirei aqui o marxismo, fazer isto seria uma descaracterização de meu propósito, apenas o citei para que meu leitor entenda a que influencias externas me refiro.
Joseph Smith era um homem puro e completamente inexperiente no campo da maldade, não havia malícia nele, este admirável exemplar de ser humano era uma folha de papel em branco sobre a qual o Senhor escreveu, sua doutrina. Embora existam algumas semelhanças superficiais entre os dois rituais, sei que o diferencial é muito superior ás semelhança. Incansavelmente nós maçons temos ao longo dos séculos, proclamado uma mensagem a um mundo que insiste em se manter surdo, repetidas vezes temos dito: "A Maçonaria não é uma religião nem pretende ser um substituto para elas". Não existe um deus Maçônico, nem uma divindade específica a ser adorada pelos maçons, cada pessoa arbitra sobre suas crenças, a maçonaria não interfere na relação entre o individuo e seu deus. O que temos dito é que "a Maçonaria regular exige que seus candidatos tenham a crença em um Ser Supremo. Mas a interpretação do termo está sujeito à consciência do candidato. Isto significa que o homem é livre para escolher sua religião dentre uma vasta gama de crenças, onde incluo (mas não limito) o cristianismo, o judaísmo, islamismo, budismo, hinduísmo, etc. Se este é um procedimento que deva ser considerado errado, ou que deve ser condenado, penso no que podemos dizer daquele que afirmou: “Pretendemos o privilégio de adorar a Deus, Todo Poderoso, de acordo com os ditames da nossa consciência e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde, ou o que quiserem” (11ª Regra de Fé).

SENDO EU MÓRMON, PORQUE SER MAÇOM?

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Mais uma vez, em função de um questionamento que me foi feito por e-mail, transformo uma resposta, em texto a ser compartilhado no blog. Neste texto, ao tentar satisfazer a curiosidade de um irmão, sintetizarei alguns dos pensamentos compartilhados comigo, por outros mórmons maçons. Esclareço que infelizmente, mesmo se tornando em obrigatoriedade, não poderei citá-los. Espero que entendam que ao deixar de citar as fontes, a intenção é somente preservá-los da inconsistência comportamental de alguns irmãos mórmons, já que de forma sutil, e gradativamente lenta, as ações repressivas têm se manifestado, algumas vezes tornando impublicáveis seus comentários nos rodapés de cada texto exposto no blog. Fico triste, mas, não decepcionado, entendo que os comentários daqueles que deveriam nos proteger, refletem os pensamentos de uma minoria que optou pela marginalidade, ignorando as instruções da liderança maior, os fatos históricos seculares e os manuais de instruções.
Silenciosamente, e aos poucos, estou me acostumando aos (disfarçados) olhares de reprovação vindos dos que um dia voluntariamente estiveram entre nós. Aos poucos, lentamente, sem nenhum alarde, nós mórmons maçons somos descartados com um peão do jogo de xadrez, que em benefício de uma tentativa de xeque mate é sacrificado. Chamado após chamado, designação após designação, tudo aponta para um ostracismo religioso hierárquico involuntário. Neste novo texto a idéia central deverá gira em torno das dúvidas que sintetizo nas perguntas abaixo.

a) Por que você é Maçom?
b) O que acontece dentro das Lojas maçônicas?

Estas duas questões são um convite para que nó mórmons maçons venhamos a refletir sobre quem somos e que tipo de trabalho realizamos em nossas lojas.
Ao falar de trabalho, penso ser primordial que todos tenham a compreensão de que o serviço executado, seja qual for a sua natureza, só se torna eficaz e construtivo quando a pessoa que realiza sabe por que o faz, e quais são suas reais motivações. Partindo desta premissa, é mister que os mórmons maçons se perguntem por que fazemos e qual o sentido daquilo que realizamos em Loja (?).
Já faz algum tempo em que tive a oportunidade de estar presente em um treinamento litúrgico, onde ouvir um dos preletores afirmar: “O ser humano é caracterizado por sua capacidade de fazer perguntas e explorar o significado da vida”. Concluo as falas daquele homem dizendo que este é um forte diferencial entre os seres humanos e os outros animais.
Quando alguém pergunta: “Por que você é Maçom?” Costumo dar uma resposta ritual, por isso, talvez, não faça sentido para alguns, de tão simples a resposta, chega a surpreender: “porque um dia bati na porta do Templo e fui recebido como irmão”, pois, “(...) ao que bate, abrir-se-lhe-á” (Mateus 7:8c), não é assim que diz a escritura? Mesmo a resposta não fazendo sentido, se você dedicar um pouco mais de tempo a sua compreensão, verá nesta resposta uma descrição da grande busca da humanidade.
Leí, um antigo líder religioso das Américas, em suas últimas instruções aos seus filhos, disse: “... os homens existem para que tenham alegria (2 Néfi 2:25)”, a busca pela felicidade estar irremediavelmente ligada aos bons atos, afinal, é inconcebível que alguém possa ser feliz sem que realize atos bons. Tomando esta premissa como linha de pensamento, tendo a Maçonaria como um lugar onde se cultiva aquilo que os filósofos antigos chamavam de virtude, posso afirmar que ela é uma das poucas organizações onde se ensina e aprende viver na harmonia da completa tolerância. A muito que já abolimos dentre nós, se é que um dia existiu, o sectarismo político e religioso, afinal, que outra instituição abriga em seu seio homens com ideologias completamente opostas e que convivem em perfeita harmonia? Penso que o Salmo 133, pode muito bem sintetizar meus pensamentos, ele diz: Oh! Quão bom e suave é que os irmãos vivam em união, o texto bíblico deixa claro que nos pensamentos do Salmista Davi, não havia espaço para sectarismo, qualquer que fosse sua forma, a tolerância estar explicita em suas palavras, bem como nas palavras do profeta Joseph Smith quando disse: “Se houver qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a procuraremos (13ª Regras de Fé). Estes dois textos obrigam um verdadeiro cristão a reconhecer nos princípios e ideais maçônicos, virtude que emana do amor e carinho do criador, empurrando para longe dos seus filhos, as formas existentes de sectarismo.
Ao responder: “Por que você é Maçom?” Um mórmon maçom me disse, “o motivo principal, sem dúvida, é porque o potencial da vida secular estar limitado, e também, porque a vida simbolizada pela aquisição de bens materiais não é satisfatória”. Sou Maçom por que a Maçonaria me permite crescer para servir a meu Deus, sou maçom por que preciso crescer em benefício aos seres humanos. Sou Maçom por que a Maçonaria apóia minha fé e meu trabalho como líder religioso que sou. Não posso, nem admitirei que alguém ouse pensar ser proibido a um cristão ser maçom. Os exemplares mórmons maçons em que tenho me espelhado, são todos homens que inspiram o mais profundo sentimento de dever comprido, tanto na Maçonaria quanto n’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Os sectaristas oferecem divisões corporativas e visões concorrentes de vida, divisão entre esquerda e direita, entre católicos e protestantes, entre muçulmanos e judeus, etc. Todas estas divisões constituem a identidade de determinados grupos sociais, mas não são satisfatórias para aqueles que procuram algo mais, demonstram ser insuficientes para que o homem de boa vontade que busca transcender as divisões que separam irmãos em castas indianas.
Alguns entendem que as divisões em algumas espécies de castas são socialmente necessárias para a existência pacífica da vida secular, eu vejo estas divisões como algo maléfico e que deve ser duramente combatido.
A Maçonaria nos oferece a oportunidade de vivermos em completa harmonia, com a religião, independente da fé professada. Na Maçonaria minha opção político partidária, não me afasta de meus irmãos mesmo quando pensamos coisas diferentes.
Felizmente, além da Maçonaria, existe outro local onde a pessoa vale mais que as imposições sociais. Arrisco-me a dizer que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias juntamente com a Maçonaria se apresentam como formas igualitárias de organizações, onde cada um de nós, independentemente de status social e riqueza material acumulada, somos tratados em completa igualdade. Tanto na Maçonaria quanto na Igreja ninguém estar predestinado a eternidade de um trabalho específico, o crescimento é individualizado e acontece de graça em graça, por isso, talvez, alguns se desenvolvam mais que outros, mais antes desta forma de crescimento ser algo ruim, considero justiça. Todos nós somos chamados, cada um em seu tempo, para assumir responsabilidades, que se dividem entre liderar e obedecer.
É através dessa possibilidade, que a Maçonaria nos permite viver e experimentar uma forma de relação horizontal, que é à base da nossa sociedade, por isso um dia bati na porta do templo. Sou Maçom porque não estava satisfeito com o que a vida secular me oferecia, vim por que aqui tenho a oportunidade de somar virtude aos bons princípios adquiridos na Igreja, vim por necessitar trabalhar em mim mesmo utilizando ferramentas simbólicas com o objetivo de melhorar e construir um templo universal para a humanidade.
Penso que já abordamos o suficiente para lhe dar uma noção do por que sou Maçom, agora precisamos conversar sobre “O que acontece dentro de uma Loja Maçônica?” A resposta que apresento é tão simples quanto á própria pergunta: Quando estamos reunidos em nossos templos trabalhamos para “submeter nossa vontade, vencer os vícios e fazer novos progresso na Maçonaria” esta pode muito bem ser definida como a razão ritual para estarmos reunidos dentro de uma Loja maçônica. Talvez a resposta que apresento lhe conduza a uma nova pergunta: O que significa dizer isto? Significa que nós maçons sabemos que temos falhas e deficiências que devem ser corrigidas. Consideramos, portanto, a necessidade de melhorar diariamente em progresso espiral contínuo que tem como centro o amor fraternal que emana do Grande Arquiteto do Universo. Para isso lutamos contra nossas falhas e nos esforçamos para sermos melhores seres humanos. Nesta continua luta nos utilizamos de ferramentas simbólicas que tem como finalidade nosso aperfeiçoamento do eu interior.
O dever de um maçom é meu dever. Fui iniciado Maçom porque o bem nunca luta sozinho, vencer os vício e praticar a virtude em todas as coisas, são práticas que devem ser somadas, “pois quem não é contra nós, é por nós” [Jesus Cristo]. É, também, no templo que um Maçom realiza este trabalho. Para que isto ocorra numa simetria esférica, o Maçom deve ser regular e persistente, em acompanhar os trabalhos da Loja. Embora a freqüência às reuniões seja uma obrigatoriedade, esta freqüência por si só não é suficiente para que um Maçom galgue todos os degraus de uma escada sem fim. Através dos trabalhos que realizamos, cada um de nós deve ser "uma coluna da vida do Templo."
No desenvolvimento de nosso trabalho no interior do templo, trilhamos pela busca incansável da verdade, sendo sempre mais exigente para conosco que com o próximo. Isto significa que, antes de considerar qualquer ação social, nos impomos á disciplina, onde o principal trabalho a ser desenvolvido consiste na lapidação incansável de uma pedra bruta, o objetivo deste trabalho é remover a aspereza, e assim dar a pedra sua forma final. Vivemos em constante luta contra nossas falhas, para que honrosamente possamos ocupar nosso lugar de direito na Loja, e na sociedade.
O grande objetivo não estar em mudar o mundo, mas, sim, mudar a nós mesmos, então esta mudança realizará a mudança que tornará o mundo um lugar melhor para todos. Ser maçom, um irmão disse, “é saber antes de tudo, que para tornar o mundo melhor, precisamos nos transmudar em pessoas melhores”.
Tenho aprendido na Maçonaria que devemos nos esforçar para construir um templo de virtudes a humanidade. Estar implícito, (e explicito), na Constituição de Anderson a afirmativa que diz ser dever do Maçom, trabalhar para a paz e o bem-estar da humanidade. Mas antes de tentar reformar a sociedade, o homem deve promover uma reforma interior até que compreenda a própria mudança. Um dos aspectos desta auto-reforma é aceitar que cada pessoa tem seu valor, as qualidades intrínsecas de cada um, nada tem haver com as diferenças de status social. Devemos compreender que independente de nossa posição social, do patrimônio físico adquirido, somos todos iguais.
Ser Maçom significa estar em busca da luz, que guia o nosso caminho para a verdade. A Maçonaria nos permite saber que para termos um mundo melhor, teremos que trabalhar incansavelmente em nós mesmos. Não digo que esta seja uma verdade exclusiva da Maçonaria, pois já disse em outro texto que a verdade é patrimônio da humanidade. O que afirmo é que também a Maçonaria luta por estes ideais, e se isto é bom, então é louvável, se é louvável devemos buscar.