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MÓRMONS MAÇONS, O ÚLTIMO RÉQUIEM

Cesóstre Guimarães de Oliveira
cesostre@hotmail.com


Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.
O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que já se passou.

(Eclesiastes 3:1;15)


Como diz a escritura acima tudo tem um tempo determinado (para acabar), e já faz um tempo que tenho pensado haver chegado a hora final do blog. Quando iniciei o blog minha proposta era apenas dissertar sobre a relação mórmons maçons, tomei esta iniciativa por entender que o assunto quando abordado, era feito de forma leviana, negando-lhe a devida importância que o tema merece.
Antes de iniciar a digitação deste texto ponderei sobre como ou o que falaria, então resolvi que deveria finalizar aqui a trajetória do Mórmons Maçons. Apenas havia iniciado a digitação quando me veio à mente alguns questionamentos, eu, “cá com meus botões”, pensei: Será mesmo este, o último réquiem do Mórmons Maçons, não seria melhor adiar esta data? E se eu continuar escrevendo, devo dar novos rumos ao blog?
A idéia de finalizar (parar de atualizar) o blog não é algo que me ocorreu neste momento, já faz algum tempo que venho maturando esta idéia. Quando concluir e publiquei o texto “A Maçonaria e o Bando de Gandiânton” meu plano era aposentar a pena nesta ocasião. Naquele momento pensei em simplesmente parar, sem nenhuma despedida ou qualquer coisa que desse a idéia de prestação de contas, simplesmente cessaria a escrita, porém, antes de publicar o texto, eu o mostrei a um nobre irmão, e lhe disse: “... penso que chegou a hora d’eu finalizar as atualizações no blog”. Sem esboçar nenhuma reação, de forma tácita, igual a um monge budista que busca o nirvana, ele leu o texto que eu havia lhe entregue, posou seu olhar por alguns segundos em mim, e disse: “Finalize teu trabalho com “chave de ouro”, saia pela porta da frente, escreva um último texto, e que neste explicite tua intenção”.
Então seguindo os conselhos de meu ocasional conselheiro fiz nascer este texto... mesmo não me sendo simpática a idéia de descontinuar (atualizando) o blog Mórmons Maçons, e mesmo sabendo que ainda têm muito a ser dito relativo esta relação. Acredito que o já exposto é suficiente para esclarecer, (o que para alguns), se tornou em uma verdade inconveniente.
Quando escrevi "Os Construtores de Templos – Os Mórmons e a Maçonaria”, confesso a vocês que eu não tinha real compreensão de onde isto me levaria, mas graças ao livro, fui privilegiado com muitos (novos) amigos. Ninguém ficou tão surpreso quanto eu, pelas proporções que considero astronômicas, atingidas pelo livro. Em função deste acontecimento foi que decidi dar continuidade ao trabalho. A principio a idéia era expor meus pensamentos em um blog.
Quando dei inicio ao projeto “Blog Mórmons Maçons” meu termômetro foram os e-mails que passei a receber diariamente, a quantidade recebida superou a tudo que eu havia imaginado, só explicado por uma fantástica e desconhecida progressão geométrica. Minha rotina a cada dia era abrilhantada pela leitura e respostas de 200 a 300 e-mails/dia, (excluindo os spams), eu tive meu momento de celebridade (risos). Hoje ainda sou privilegiado, pois a cada dia belíssimos e instrutivos e-mails são direcionados a minha caixa postal, embora a proporção tenha diminuido até chegar ao que considero normal, ficando resumidos a apenas 10 a 15% daquilo que foi o apogeu do blog. Lembro que nas correspondências recebidas, algumas vezes as manifestações eram de apoio, e outras..., nem tanto.
Sempre tive comigo a preocupação, de que, independente do remetente, ou do teor de cada e-mail responder satisfatoriamente a todos, sei que nem sempre respondi a altura das expectativas de meus leitores, algumas vezes falhei neste intento, mas tentei, para mim isto conta muito. O simples ato de ler cada correspondência se tornou um gratificante e prazeroso labor diário. Mas, mesmo tendo meu trabalho reconhecido por parte dos que me escrevem, meus mais nobres sentimentos vêm do saber que fiz minha parte, fiz o que devia ter sido feito, e sem nenhum constrangimento ou arrependimento repetiria tudo novamente, talvez a única tentativa de mudança fosse corrigir alguns erros provocados por minha falta de intimidade com nosso belo e difícil idioma, mais em contexto geral, conservaria a essência.
Agora que lhes apresento “o último réquiem”, faço-o pleno do sentimento de dever cumprido, e isto para mim é gratificante. O sentimento me é agradável, sei que ajudei a esclarecer meus irmãos mórmons sobre a verdade que grita fatiloqüente, como se fosse da terra; e sua fala [sempre] sussurrará desde o pó (II Néfi 26: 14-17).
Não tenho pretensões exageradas, jamais pensei que com meus textos liquidaria todas as dúvidas relativas ao tema que escolhi abordar, penso que zerar todas as dúvidas é um feito inimaginável. Caso alguém tenha pretensões em zerar todas as dúvidas existentes concernentes este tema, aviso que este é um esforço só comparável ao desenvolvido por Hercules, que na mitologia grega, teve como um de seus maiores atos separar a África da Ásia. Sem medo das criticas, afirmo que meu propósito foi alcançado, realizei com sucesso o trabalho que me predispus a realizar, e por entender que atingir meus objetivos, estou satisfeito comigo.
Contrariando os pensamentos de alguém que um dia me criticou, tenho plena convicção de que meu trabalho não pode ser considerado medíocre, ele tem seu valor, hoje já se discute a relação da Igreja com a Maçonaria, muitos que desconheciam esta relação saíram das trevas para a luz. Escrevi o que precisava ser escrito, e se o fiz, foi por que alguém teria que fazê-lo, quando digo isto tenho meus pensamentos voltados para uma frase do presidente Spencer W. Kimball que diz: “Precisamos alargar nossos passos e devemos fazê-lo agora”. Considero-me exageradamente privilegiado por ter tido a oportunidade de expor meus pensamentos de forma tão alargada. Porém, infelizmente, mesmo que dure muito tempo a soma das criticas será superior a soma dos afagos, e nesta desconcertante contabilidade de pensamentos e compreensões, meu saldo será os textos que permanecerão expostos no blog. Mesmo sem atualização o blog continuará cumprindo junto aos meus irmãos Mórmons a sua primeira função que é declarar publicamente o que a Maçonaria representou e ainda representa para nós, (...) e isto também me preenche de sentimento inefável.
Neste, que é meu último réquiem, faço um convite aos preconceituosos, aos ignorantes, àqueles que preferem viver nas trevas da ignorância, à caminhar para luz..., revejam seus conceitos, pois afinal, como alguém poderá julgar os mórmons maçons da atualidade sem que seus julgamentos negativos respinguem nos mórmons maçons do passado?
Sinceramente desejo que o preconceito seja vencido, espero que a luz do conhecimento e da verdade em algum momento venha a dissipar as trevas da epistemofobia, e que mesmo não se interessando pela Maçonaria, o membro da Igreja saiba com convicção que não há impedimentos ao Mórmon que deseja ser Maçom. Aos consumidos pelo zelo (irracional e incoerente), deixo ainda mais este esclarecimento: “a Maçonaria não realiza os rituais sagrados do templo de Deus, na verdade se o maçom não for um mórmon digno, ele jamais tomará conhecimento da existência dos mesmos”, não se deixe enganar pela forma grafada de nossos símbolos, pois além desta semelhança, nenhuma outra existe, comprovo isto quando comparo os significados do esquadro e do compasso dentro da Maçonaria e dentro do Templo Mórmon. Desconfie daqueles que afirmam ser a Maçonaria praticante de um ritual religioso, pois se você investigar as razões pelas quais alguém afirma isto, facilmente irá descobrir que não existe nenhuma nobreza em suas palavras.
Para que não haja dúvidas, nesta que pretendo ser a ultima vez, explico: realmente a Maçonaria esteve presente no templo de Salomão, nós fomos seus construtores, mas, os rituais que lá foram praticados pelos antigos maçons, não referendam a doutrina sagrada do templo. É possível que exista uma ou outra semelhança entre as tradições culturais do judaísmo e a Maçonaria, mais este contexto se aplica também a várias outras etnias. Se alguém pretende comparar a Maçonaria com a doutrina sagrada do Templo, este alguém não deve esquecer que todos os rituais praticados pelos judeus no interior de seus templos, eram parte da religião que professavam, e conforme aprendemos em outra ocasião, a maçonaria não tem nenhuma pretensão em ser ou se tornar religião.
Nos vários e-mails que recebo de meus irmãos mórmons uma indesejável constante tem se manifestado, é impossível não notar o temor que alguns demonstram ter pela simples possibilidade de haver alguma similaridade entre os rituais do Templo mórmon e os rituais da Maçonaria, mesmo que estas semelhanças sejam remotas. Essas pessoas são constantemente vitimas do achismo de alguns “catedráticos” em assuntos maçônicos, mesmo sem nunca terem lido ou sido instruídos através de nossos rituais. Os achadores de plantão tem ensinado que o profeta Joseph Smith Junior só aceitou ser iniciado Maçom por que precisava resgatar velhos rituais que se haviam perdidos, e que de alguma forma foram conservados pela Maçonaria. Sobre isto, o que tenho dito é: “esta é a maior bobagem que já foi dito sobre o assunto”. A doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não é uma “invenção” moderna, os rituais do templo são os mesmos que foram ensinados a Adão, Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Salomão, João Batista, Pedro, Tiago e João. A Maçonaria em momento algum de sua história reivindicou a autoria dos rituais do Templo, a única reivindicação da fraternidade é sua antiguidade milenar. E esta antiguidade torna a Maçonaria em sua forma ritual um depositário eclético dos ensinamentos herméticos de muitas idades, culturas e tradições.
Existimos a mais tempo que alguém possa contar, e mesmo tendo vários pesquisadores apontando datas e locais do nascimento da Maçonaria, a falta de consenso atesta que eles estão equivocados. Na verdade a origem da Maçonaria é desconhecida até mesmo para o maçom mais dedicado à pesquisa.
Se existe semelhanças entre as duas fraternidades, estas semelhanças são explicadas por minha humilde compreensão de Santo dos Últimos Dias, ouso afirmar que as ordenanças do templo são tão antigas quanto à própria humanidade, e estas ordenanças foram corrompidas ou esquecidas pelos homens, e por isso precisaram passar pela laminas da restauração, o profeta de Deus Joseph Smith Junior necessitava de uma linguagem de fácil compreensão para que tudo, após a restauração, fosse facilmente assimilado pelos homens e mulheres, embora minha fé determine que o profeta Joseph Smith Junior não tenha copiado a Maçonaria no que tange seus rituais, aceito que ele tenha utilizado sua forma de apresentar um pensamento, e isto, não o invalida como mensageiro de Deus, nem torna a mensagem menos divina que ela é.
Aos meus irmãos de fé, afirmo na forma mais enfática da expressão, em se tratando de Maçonaria, não existe nada que venha abalar a fé de um Mórmon, caso deseje ser iniciado. Qualquer membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que tenha sua fé divinamente alicerçada no Senhor Jesus Cristo, pode tranquilamente transpor os umbrais da Maçonaria sem que sua fé seja abalada.
Ao ser iniciado Maçom, um Santo dos Últimos Dias descobrirá que a Maçonaria não passa de um grande depósito de verdades, talvez este seja nosso maior e mais bem guardado segredo. Porém, aquele que não tem fé, que busca desculpas para justificar sua debilidade, este encontrará na milenar fraternidade apenas uma corruptora dos sinais e símbolos sagrados do Templo, a eles digo: fuja da Maçonaria, afaste-se de nós, não o queremos conosco, pois para sua fé, talvez este seja o FIM.